A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

pouca distância da praça, à beira dos Jardins de Tivoli. Em vez disso,
caminhou até um prédio residencial despretensioso situado em uma rua de
nome pronunciável apenas pelos dinamarqueses. Quando entrou no
pequeno apartamento no segundo andar, encontrou Keller e Lavon
debruçados sobre um notebook. De seus alto-falantes vinha o som de três
homens falando baixo em russo.
— Você já descobriu quem é aquele homem? — perguntou Gabriel.
Lavon balançou a cabeça.
— É curioso, mas esses rapazes da Volgatek não são muito de falar
nomes.
— Não diga.
Lavon estava prestes a responder, mas se deteve ao som de uma das
vozes, um murmúrio baixo, como se a pessoa estivesse parada diante de
uma cova.
— Esse é o nosso cara — informou Lavon. — Ele sempre fala assim.
Como se presumisse que alguém está ouvindo.
— E alguém está ouvindo.
Lavon sorriu.
— Mandei uma amostra da voz dele para o King Saul Boulevard e
lhes pedi que a passassem pelos bancos de dados.
— E...?
— Nenhuma correspondência.
— Mande a amostra para Adrian Carter, em Langley.
— E se Carter pedir uma explicação?
— Minta.
Nesse momento, os três executivos russos do petróleo explodiram em
uma ruidosa gargalhada. Enquanto Lavon se inclinava para escutar, Gabriel
foi lentamente até a janela e examinou a rua. Estava vazia, exceto por uma
jovem que caminhava pela calçada nevada. Tinha a pele de alabastro de
Madeline, as maçãs do rosto de Madeline. A semelhança era tal que, por um
momento, Gabriel sentiu-se compelido a correr até ela. Os russos ainda riam.
Certamente, pensou, riam-se dele. Respirou fundo para acalmar o coração
retumbante e observou o espectro de Madeline passar abaixo. Então, a
escuridão a reivindicou para si e a mulher sumiu.

Free download pdf