— São águas passadas. Além disso, preciso de um pouco mais de
força bruta na equipe.
— Do que mais você precisa?
— Passaportes, vistos, passagens, acomodações... o de sempre, Uzi. E
nossa base em Moscou deve colocar Pavel Zhirov imediatamente sob
vigilância em tempo integral.
— Isso é tudo?
— Não. Preciso de você, também.
Navot ficou em silêncio.
— Eu não pedi que fosse assim, Uzi.
— Sim, eu sei. Mas isso não torna as coisas mais fáceis.
Já era quase meia-noite quando Gabriel voltou à casa segura em
Grayswood. Entrando no quarto que dividia com Chiara, viu-a sentada na
cama, com uma xícara de chá de ervas sobre o criado-mudo e uma pilha de
revistas no colo. Tinha os cabelos arranjados em um coque descuidado que
deixava várias madeixas soltas e estava usando os óculos novos de grife que
solicitara para ler. Chiara se incomodava um pouco com o novo adereço,
mas, em segredo, Gabriel apreciava o leve enfraquecimento de sua visão.
Pelo menos isso lhe dava esperanças de que, algum dia, ela viesse a parecer
menos com uma filha e mais como sua esposa.
— E então, como foi? — perguntou ela, sem erguer os olhos.
— Com repouso e reabilitação adequada, acho que ainda recuperarei
parcialmente os movimentos da minha mão esquerda.
— Foi tão ruim assim?
— Ele está furioso, e não o culpo.
Gabriel tirou o casaco e o jogou sobre o espaldar de uma cadeira.
Chiara revirou os olhos em desaprovação, depois lambeu a ponta do dedo
para virar a página da revista.
— Ele vai superar — disse casualmente.
— Esse não é o tipo de coisa que se supera, Chiara. Não teria
chegado a esse ponto se você e Shamron não houvessem tramado pelas
minhas costas.
— Não foi assim que aconteceu, querido.
— E como foi, exatamente?
— Shamron veio me visitar quando você estava na França
procurando Madeline. Ele disse que ia pressionar você uma última vez para
que aceitasse o cargo de diretor, e que desejava minha aprovação.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1