ainda pressionava a Makarov contra as costelas de Zhirov.
— Quem é você? — perguntou Pavel.
— Eu sou Nicholas Avedon.
— Quem é você?
— Eu sou o seu pior pesadelo e, se não calar a boca, vou matar você.
No Centro de Operações, as luzes da equipe se moviam para cima
pelo mapa de Moscou — todas menos uma, que se mantinha na Teatralny
Prospekt, descendo a ladeira, vindo da praça Lubyanka. Não houve
nenhuma celebração, nenhuma congratulação por um trabalho bem-feito. O
ambiente ainda não permitia; Moscou tinha formas de revidar.
— Trinta segundos do começo ao fim — comentou Navot, os olhos
presos na tela. — Nada mal.
— Trinta e três — corrigiu Shamron. — Mas quem está contando?
— Você estava.
Shamron deu um sorriso débil; ele estava contando. Na verdade,
tinha passado a vida inteira contando: o número de membros da família
perdidos para os fogos do Holocausto; o número de compatriotas perdidos
para as balas e as bombas; o número de vezes que tinha driblado a morte.
Então, ele perguntou a Navot:
— Qual é a distância até o esconderijo?
— Duzentos e trinta e cinco quilômetros a partir dos limites da
cidade.
— Qual é a previsão do tempo?
— Horrorosa — respondeu Navot. — Mas eles conseguem se virar.
Ele encarou as luzes se movendo através de Moscou.
— Trinta segundos — repetiu. — Nada mal.
— Trinta e três — voltou a corrigir Shamron. — E vamos torcer para
que ninguém mais estivesse olhando.
Embora Shamron não soubesse, era exatamente isso que estava
pensando o homem parado à janela do quadragésimo quarto andar do Hotel
Metropol. Ele observava a esquina da Teatralny Prospekt e o caminho até a
fortaleza amarela, que se erguia na praça Lubyanka. Imaginou se conseguiria
detectar alguma espécie de reação — luzes se acendendo nos andares
superiores, carros saindo da garagem —, mas decidiu que era improvável.
Lubyanka sempre escondera bem suas emoções, assim como a Rússia sempre
escondera seus mortos com eficiência.