o Astoria Hotel, onde tinham quartos reservados para o resto do dia. Um dos
comissários de bordo era uma mulher alta de cabelos escuros e olhos cor de
caramelo. Após deixar sua pequena mala com rodinhas ao pé da cama, ela
foi até o fim do corredor e, ignorando o aviso de NÃO PERTURBE
pendurado na maçaneta, deu uma batida suave. Como não recebeu
resposta, bateu de novo. Dessa vez, a porta se entreabriu alguns
centímetros, apenas o suficiente para deixá-la passar, e ela entrou.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou Gabriel.
Chiara ergueu os olhos para o teto, como se quisesse lembrar ao
marido, o futuro diretor da inteligência israelense, que eles estavam num
quarto de hotel russo, que provavelmente fora grampeado. Gabriel fez um
gesto para indicar que o quarto estava limpo e, com as mãos nos quadris,
repetiu a pergunta, estreitando os olhos verdes. Chiara não o via tão bravo
havia muito tempo.
— Como fui boba... Achei que você ficaria feliz em me ver.
— Como você conseguiu autorização para vir?
— Nós precisávamos de mulheres para a tripulação. Eu me
voluntariei.
— E Uzi não podia achar nenhuma outra mulher além da minha
esposa?
— Na verdade, Uzi foi contra a ideia.
— Então como você entrou na equipe?
— Eu apelei para Shamron — revelou ela. — Falei que queria
participar da operação e que, se ele não permitisse, não daria o que ele
queria.
— Eu?
Chiara sorriu.
— Garota esperta.
— Aprendi com o melhor.
— Achei que você tivesse dito que não queria vir para a Rússia. Que
não aguentaria a pressão.
— Mudei de ideia.
— Por quê?
— Porque eu queria dividir isto com você. — Chiara foi até a janela e
contemplou a penumbra da Praça de Santo Isaac. — Alguma hora fica claro
por aqui?
— É o máximo de luz possível.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1