A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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MUSEU DE ISRAEL, JERUSALÉM


Gabriel pegou um único item de Graham Seymour — a fotografia de
Madeline Hart — e o levou para a região oeste de Jerusalém, até o Museu
de Israel. Depois de deixar o carro no estacionamento para funcionários —
um privilégio que haviam lhe concedido recentemente atravessou o enorme
hall de entrada feito de vidro e chegou até a sala que alojava a coleção de
arte europeia. Num canto estavam penduradas nove pinturas
impressionistas que antes pertenciam a um banqueiro suíço chamado
Augustus Roube. Uma plaqueta descrevia a longa jornada que as pinturas
tinham feito a partir de Paris — como foram saqueadas pelos nazistas em
1940 e transferidas para Roube em troca de serviços prestados à inteligência
alemã. Mas não chegava a mencionar o fato de que Gabriel e a filha do
banqueiro, a renomada violinista Anna Roube, tinham descoberto as
pinturas num cofre em Zurique, nem que um consórcio de empresários
suíços havia contratado um assassino profissional corso para matar Gabriel e
Anna.
Na galeria adjacente estavam pinturas de artistas israelenses. Três
telas eram da mãe de Gabriel, incluindo um retrato assombroso da marcha
da morte de Auschwitz em janeiro de 1945, feito com base em suas
memórias. Gabriel passou um bom tempo admirando o desenho e as
pinceladas antes de sair para o jardim das esculturas. Na outra extremidade,
erguia-se o Santuário do Livro, uma estrutura em forma de colmeia que
continha os Manuscritos do Mar Morto. Ao lado dessa ala ficava a mais
nova construção do museu, com 60 côvados de comprimento, 20 de largura
e 30 de altura. Por enquanto, o espaço estava coberto por uma lona opaca
para construções, que escondia os 22 pilares do Templo de Salomão do resto
do mundo.
Havia seguranças bem armados em ambos os lados da construção e
na entrada que ficava voltada para o leste, assim como no templo original de
Salomão. Esse era apenas um elemento do projeto curatorial mais
controverso que o mundo já conhecera. Os haredim ultraortodoxos de Israel
tinham denunciado a exposição como uma afronta a Deus que acabaria
levando à destruição do Estado judeu, enquanto na parte leste de
Jerusalém, que abrigava a população árabe, os mantenedores do Domo da

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