A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

os CDs de algum curso de línguas. Era perfeito, mas ao mesmo tempo havia
algo de estranho ali.
— Imagino que ele não tenha encontrado seu nome numa lista
telefônica.
— Não, Allon. Ele tinha uma referência.
— Que tipo de referência?
— Um nome.
— Alguém que contratou você no passado.
— As referências costumam ser desse tipo.
— Que tipo de trabalho era?
— O tipo em que dois homens entram numa sala e só um sai. E não
se dê o trabalho de me perguntar o nome da referência — acrescentou
Orsati rapidamente. — Estamos falando dos meus negócios.
Com um leve movimento da cabeça, Gabriel indicou que não tinha
desejo que levar a questão mais a fundo, ao menos por enquanto. Então,
perguntou a Anton por que o homem tinha ido vê-lo.
— Conselho — respondeu Orsati.
— Sobre o quê?
— Ele me disse que tinha alguns produtos para mover. Falou que
precisava de alguém com um barco rápido. Alguém que conhecesse as águas
locais e pudesse navegar à noite. Alguém que soubesse manter a boca
fechada.
— Produto?
— Você pode achar estranho, mas ele não foi específico.
— Você supôs que ele fosse um contrabandista — disse Gabriel. Era
mais uma declaração de fato do que uma pergunta.
— A Córsega é uma rota intensa de tráfico de heroína do Oriente
Médio para a Europa. Ah, para seu governo, os Orsatis não lidam com
narcóticos, embora se saiba que, vez ou outra, nós eliminamos membros
proeminentes desse mercado.
— Por uma taxa, é claro.
— Quanto mais proeminente, maior a taxa.
— Vocês foram capazes de oferecer o serviço para ele?
— Óbvio — respondeu o don. Em seguida, baixando a voz,
acrescentou: — Às vezes nós mesmos movemos coisas durante a noite,
Allon.
— Coisas como cadáveres?

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