sorriu.
— Você o conhece? — perguntou Gabriel.
— Trabalhei com Graham na Irlanda do Norte. Ele é um profissional
de verdade. Mas, assim como todo mundo na Inglaterra, acha que estou
morto. Logo, não pode saber que estou trabalhando com você.
— Você tem a minha palavra.
— Tem mais uma coisa que eu quero.
Keller estendeu a mão e Gabriel entregou o talismã.
— Estou surpreso que você o tenha guardado.
— Tem valor sentimental.
Keller pendurou-o no pescoço.
— Vamos — disse ele, sorrindo. — Eu sei onde a gente pode arrumar
outro para você.
A signadora vivia numa casa torta no centro do vilarejo, não muito
longe da igreja. Keller chegou sem marcar horário, mas a idosa não pareceu
surpresa ao vê-lo. Ela vestia uma túnica preta, e um cachecol preto cobria os
cabelos bem secos. Abrindo um sorriso preocupado, tocou a bochecha de
Keller com delicadeza. Em seguida, segurou a cruz pesada pendurada no
pescoço e voltou o olhar para Gabriel. Sua tarefa era cuidar dos afligidos pelo
mau-olhado. Ela temia que Keller tivesse trazido a própria encarnação do
mal para seu lar.
— Quem é esse homem?
— Um amigo — respondeu Keller.
— Ele é um crente?
— Não como nós.
— Diga-me o nome dele, Christopher... seu nome real.
— Gabriel.
— Como o arcanjo?
— Sim.
Ela analisou o rosto de Gabriel com atenção.
— Ele é israelita, não é?
Keller assentiu e a velha franziu um pouco a testa em desaprovação.
Pela doutrina, a signadora considerava os judeus como hereges, mas
pessoalmente não tinha nada contra. Ela desabotoou a camisa de Keller e
tocou no talismã dele.
— Esse não é o que você perdeu muitos anos atrás?
— Sim.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1