do que de trás.
Gabriel consultou o relógio. Às 17h28, ele saiu da mesa no pub e
desceu a Rue Espariat com o capacete debaixo do braço. Le Cézanne era o
último estabelecimento comercial à direita, no ponto em que a rua dava na
praça Charles de Gaulle. Brossard estava numa mesa no lado de fora.
Quando Gabriel passou, sentiu os olhos do francês perfurando suas costas,
mas se forçou a não se virar. A scooter estava onde ele a deixara, estacionada
ao lado de várias outras motos, embaixo de um plátano que começava a
perder suas folhas. Três delas tinham caído no selim da scooter. Gabriel tirou-
as, montou e colocou o capacete.
Pelo retrovisor, viu Brossard se levantando da mesa e entrando na
rua estreita. Alguns segundos depois, o francês passou a alguns centímetros
do ombro direito de Gabriel. Tão perto que sentiu o cheiro de seu perfume.
Tão perto que, se quisesse, poderia ter arrancado a maleta de sua mão
esquerda. Antes, Brossard a carregara com a outra mão, porém isso não era
mais possível, pois estava segurando um celular, pressionado com força
contra o ouvido.
Gabriel deu partida na scooter quando Brossard adentrou a
esplanada junto à praça, olhando de um lado para outro, como a torre de
um tanque buscando um alvo para destruir. Como era fim de tarde, o
aglomerado de pessoas já aumentara e Gabriel só não o perdeu de vista
porque o metal da maleta reluzia ao entardecer como uma moeda recém-
cunhada. Quando Brossard alcançou a rotatória, seu celular já estava de
volta no bolso e ele estendeu a mão para abrir a porta do carona de um
Mercedes preto Classe E que parou junto ao meio-fio.
Entrou no carro no momento em que um Renault passou ao seu lado
e entrou no Boulevard de La République. Dez segundos depois, o Mercedes
fez o mesmo. Observando o golpe de sorte, Gabriel não pôde deixar de sorrir.
Às vezes, pensou, era melhor seguir um homem pela frente do que de trás.
Acelerou a scooter e entrou no trânsito, os olhos fixos nas luzes traseiras do
Mercedes. Um erro, ele estava pensando. Um erro, e a garota morreria.
Eles pegaram o Boulevard de La République até a Route d’Avignon
e, então, seguiram para o norte. Por cerca de um quilômetro, só viram lojas e
semáforos, mas aos poucos surgiram prédios e casas, e logo eles percorriam
rapidamente uma via com quatro faixas. Depois de mais um quilômetro, um
posto de gasolina apareceu à direita. Keller reduziu a velocidade e ligou a
seta, e o Mercedes o ultrapassou na mesma hora. Em seguida, de repente, a
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1