A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Ainda não decidimos.
─ Vou assumir essa resposta como um não.
Susanna cobriu o bocal e murmurou:
─ Raios o partam, Sam Braxton, seu sacana arrogante.
─ Por que não nos encontramos pela manhã e discutimos as alegações?
Susanna hesitou. Se discutisse assuntos legais com Braxton sem um
advogado do Post a seu lado, Tom Logan acabaria com ela. Ainda assim, queria
obter declarações de Braxton.
─ É um favor que faz a si mesma, Sra. Dayton. Que mal há?
─ Onde?
─ Café da manhã no Four Seasons, Georgetown. Às oito.
─ Lá nos encontraremos.
─ Boa noite, Sra. Dayton.
Susanna tinha mais um telefonema a dar, para Elizabeth Osbourne. Estava
prestes a publicar um artigo devastador sobre o homem mais poderoso da firma da
amiga. Elizabeth merecia ser avisada. Teclou o número.
─ Alô?
─ Alô, Elizabeth? Escute, acho que precisamos falar.


Quando lhe telefonaram de Colorado Springs, Mark Calahan estava sentado
na biblioteca da casa de Kalorama, a rodar os botões de um sofisticado
equipamento de áudio. Salvo Susanna Dayton, Calahan sabia mais sobre as
alegações presentes no artigo do que qualquer outra pessoa. Colocara sob escuta o
telefone de Susanna na redação do Post , na 1th Street, o mesmo no telefone de casa.
Instalara microfones na sala de estar e no quarto. Ouvia-a comer. Ouvia-a dormir.
Ouvia-a falar com o cachorro. Ouviu-a na cama com um repórter televisivo, depois
de um jantar no restaurante 1789, em Georgetown. Entrava na casa com
regularidade e passava em revista os arquivos do computador. Um antigo
criptoanalista da NSA, também a serviço de Mitchell Elliott, quebrara o código
pueril de Susanna, o que permitira que Calahan lesse os arquivos à vontade. Só lhe
faltava uma coisa: o produto final. ─ Entre na casa dela o mais depressa que puder.
Temos que saber ao certo o que temos ─ ordenou Elliott.
─ Sim, senhor.
─ E quero que seja você a tratar disso. Não quero fracasso.
Calahan desligou o telefone e voltou a concentrar-se no equipamento.
Aumentou os níveis de áudio dos transmissores no interior da casa de Susanna
Dayton. Algo lhe chamou a atenção. Vestiu um blusão de couro preto e correu para
a noite.

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