A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

WASHINGTON, D. C.


─ Por que Adrian te mentiria sobre a existência do Outubro?
A pergunta de Elizabeth soava estranha a Michael. Era como uma criança a
fazer perguntas sobre sexo pela primeira vez. A nova abertura entre eles era-lhe
estranha e sentia-se constrangido a discutir assuntos da Agência com a esposa.
Mesmo assim, gostava. Elizabeth, com o seu inteleto de advogada e natureza
reservada, teria dado uma boa agente dos serviços secretos, se não tivesse optado
pela advocacia.
─ Todos os serviços secretos assentam no conceito de necessidade de saber.
Poderia dizer-se que eu não precisava de saber da existência do Outubro e, logo, tal
nunca me foi dito.
─ Mas, Michael, ele assassinou a Sarah à tua frente. Se devia ser dada
autorização a alguém para ver o que a Agência tinha sobre ele, essa pessoa serias
tu.
─ Bem visto, mas está sempre a ser escondida informação dos agentes dos
serviços secretos pelas mais variadíssimas razões.
─ A União Soviética está morta e enterrada há séculos. Por que motivo o
dossiê dele continua a ser tão restrito?
─ Nos serviços secretos, renunciamos devagar aos nossos mortos,
Elizabeth. Não há nada de que um serviço secreto mais goste do que de um bom
monte de segredos inúteis.
─ Talvez alguém quisesse que fosse confidencial.
─ Já pensei nessa possibilidade.
Michael parou em frente ao edifício do Washington Post , na 1st Street. Tom
Logan, o editor de Susanna Dayton, pedira para se encontrar com Elizabeth.
Michael tencionara esperar no carro, mas agora dizia: ─ Importa-se que vá com
você?
─ De maneira nenhuma, mas temos que correr. Estamos, atrasados.
─ Onde ficaram de se encontrar?
─ No escritório dele. Por quê?
─ Não sou grande apreciador de espaços fechados, só isso.
─ Michael, não estamos em Berlim Leste. Para com isso.
Mas Michael já tinha o celular na mão.
─ Qual é o ramal dele?
─ Cinquenta e seis oitenta e quatro.
O telefone tocou e a secretária de Logan atendeu.

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