WASHINGTON, D. C.
Na manhã seguinte, Delaroche sentou-se num banco em Dupont Circle, de
onde observou a multidão de mensageiros de bicicleta a tomar o seu café da
manhã. Achava-os vagamente divertidos: a forma como se riam, diziam piadas e
atiravam coisas uns aos outros. No entanto, não estava a observá-los simplesmente
para passar o tempo. Prestou atenção à forma como se vestiam, os tipos de pastas
que transportavam, a forma como falavam. Pouco depois das nove, os mensageiros
começaram a receber chamadas pelos rádios e cada um deles montou com
relutância uma bicicleta e pedalou para o trabalho.
Delaroche esperou até que o último desaparecesse de vista, depois fez sinal
a um táxi e deu uma morada ao motorista.
O táxi levou Delaroche ao longo da M Street até Georgetown e depositou-o
na parte inferior da Key Bridge. Entrou na loja. Um empregado perguntou se
precisava de ajuda e Delaroche abanou a cabeça. Começou com a roupa. Escolheu
as blusas e os calções mais vistosos e mais coloridos que conseguiu encontrar. Em
seguida, escolheu sapatos, meias, um capacete e uma mochila. Levou tudo para a
parte da frente da loja e empilhou as coisas em cima do balcão. ─ Mais alguma
coisa? ─ perguntou o empregado. Delaroche apontou para a bicicleta de montanha
mais cara da loja. O empregado foi buscá-la e levou-a até o balcão.
─ Para onde a leva? ─ perguntou Delaroche calmamente, consciente do seu
inglês carregado.
Temos de verificar a bicicleta. Vai demorar uma hora, mais ou menos.
─ Encha os pneus e dê-ma.
─ Como queira. Vai pagar em dinheiro ou com cartão? Mas Delaroche já
estava a contar notas de cem dólares.
Delaroche passou a hora seguinte às compras na Wisconsin Avenue, em
Georgetown. Numa loja de vestuário, comprou uma bandana para a cabeça, numa
loja de eletrônica, um pequeno gravador a pilhas com receptores. Numa joalharia
adquiriu várias correntes de ouro de mau gosto para o pescoço, furou as duas
orelhas e pôs argolas.
Mudou de roupa na casa de banho de uma bomba de gasolina. Despiu a
roupa e vestiu os calções de ciclista e a blusa de Inverno. Atou a bandana à cabeça
e colocou as correntes de ouro ao pescoço. Prendeu o gravador ao cós dos calções e
passou os receptores à volta do pescoço. Enfiou as roupas na mochila, juntamente
com a Beretta com silênciador, e viu-se ao espelho. Faltava qualquer coisa. Colocou
os óculos de sol Ray-Ban, os mesmos óculos que usara para matar o homem em