WASHINGTON, D. C.
Delaroche atravessou Key Bridge e dirigiu-se de novo para Georgetown.
Percorreu rapidamente a M Street e virou para o acesso do Four Seasons
Hotel. Esperou dentro do Rover enquanto Astrid foi ao quarto buscar as coisas
deles. Isso deu-lhe um momento para reorganizar os pensamentos e planear o que
fazer a seguir.
O mais fácil seria abortar: pedir uma extração e sair do país antes que
fossem capturados. Delaroche estava confiante de que os tiros na alameda não
tinham sido testemunhados por ninguém. As mortes tinham demorado segundos
e, antes que outro carro passasse por ali, já se tinham vindo embora. No entanto,
tentara matar Michael Osbourne uma vez e era evidente que este sabia que ele ali
estava. O número que a esposa realizara com o boneco insuflável era prova disso.
Agora seria muito difícil cumprir os termos do seu contrato: matar Osbourne.
Contudo, Delaroche desejava continuar por duas razões. Uma era o dinheiro. Se
não conseguisse matar Osbourne, perderia três quartos de um milhão de dólares.
Delaroche queria viver os seus dias com Astrid livre de preocupações financeiras e
de segurança. Para isso seria necessário muito dinheiro: dinheiro para comprar
uma casa grande numa propriedade e sofisticados sistemas de segurança, dinheiro
para subornar os oficiais da lei locais para conseguir permanecer escondido dos
serviços de segurança do Ocidente. Também queria levar uma existência
confortável. Vivera como um monge em Brélés durante anos, impossibilitado de
gastar o dinheiro que tinha, com medo de atrair atenções.
Quando trabalhou para o KGB fora ainda pior. Arbatov obrigara-o a viver
como um indigente em Paris, sobrevivendo com o pouco dinheiro que ganhava com
os seus quadros.
A segunda razão, na verdade o motivo importante, era o orgulho. Osbourne
vencera-o no caminho ao longo do rio, derrotara Delaroche no seu próprio jogo.
Nunca tinha falhado uma missão e não desejava terminar a sua carreira com um
fracasso. Matar era a sua profissão, nascera e fora educado para tal, e o fracasso era
inaceitável. Osbourne era o primeiro alvo a ripostar com sucesso e Delaroche
atrapalhara-se. Reagira como um amador no primeiro trabalho. Sentia-se
envergonhado e zangado consigo próprio, e queria outra oportunidade. Pensou no
arquivo de Osbourne. Recordou-se de que o pai de Elizabeth Osbourne, um
senador dos Estados Unidos, tinha uma casa numa ilha isolada em Nova York.
Pensou: Se eu estivesse assustado, iria para um sítio onde me sentisse seguro. Para
um sítio longínquo. Para onde as autoridades me pudessem proporcionar a ilusão