A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

surgisse à frente das câmaras, nessa noite. Não havia dúvidas de que seria o
momento mais importante do seu mandato, com efeito, até mesmo da sua carreira.
Uma das três secretárias de Vandenberg espreitou à porta do gabinete.
─ Café, Senhor Vandenberg?
─ Obrigado, Margaret.
As sete e meia, os principais elementos da administração entraram-lhe no
gabinete: o secretário de imprensa, o diretor de orçamento, o diretor das
comunicações, o conselheiro para a política interna, o adido de ligação com o
Congresso e o conselheiro adjunto para a segurança nacional. Vandenberg gostava
de reuniões céleres e informais. Cada membro trazia um bloco de notas, uma
caneca de café e um donut, ou um bolo seco. Vandenberg presidiu à reunião.
Percorreu rapidamente a assistência, de quem obteve atualizações e a quem deu
ordens, e ignorou problemas. A reunião terminou exatamente às sete e quarenta e
cinco. Tinha quinze minutos antes de se encontrar com Beckwith.
─ Margaret, não quero visitas, nem telefonemas, por favor.
─ Com certeza, Senhor Vandenberg.
Paul Vandenberg estava ao lado de James Beckwith há vinte anos, desde
Capitol Hill e Sacramento, mas aquele seria o mais importante de todos os seus
encontros. Abriu as portas e saiu para o pátio banhado pelo sol, onde inspirou o ar
fresco de Outubro. Os órgãos de comunicação social comentavam eternamente o
seu poder, mas até mesmo a imprensa experiente de Washington ficaria chocada
com a verdadeira influência de Vandenberg. A maior parte dos seus antecessores
acreditava que tinha como dever ajudar o Presidente a tomar decisões, através de
encontros com as pessoas certas e do conhecimento da informação correta.
Vandenberg encarava o seu trabalho de outra forma: Era ele quem tomava as
decisões, que depois vendia ao Presidente. As suas reuniões nunca se afastavam
muito do guia. Beckwith escutava com atenção, pestanejava, aquiescia e fazia
alguns apontamentos. Por fim, diria: "O que achas que devemos fazer, Paul?" E
Vandenberg dizia-lhe.
Esperava que naquela manhã as coisas corressem da mesma forma.
Vandenberg iria escrever o argumento e encenar os diálogos. O Presidente
debitaria as falas. Se tivessem sorte, e se Beckwith não estragasse tudo, talvez
conseguissem um segundo mandato.
Elizabeth Osbourne estava na esquina da 34th Street com a M Street, com
um agasalho colorido e tênis de corrida. Ainda era cedo, mas o trânsito que
atravessava Key Bridge para Georgetown já era intenso. Inclinou-se para a frente e
fez alongamentos com as pernas. Um homem de carro buzinou e apertou os lábios
de modo sugestivo. Elizabeth ignorou-o e resistiu à tentação de fazer o seu próprio

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