A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Chegaram à Fletcher's Boat House. Pararam, fizeram alguns alongamentos
e regressaram a Georgetown. Um homem alto de roupa de treino azul-escuro
cruzou-se com elas. Usava óculos escuros e um boné de basebol.
O homem no caminho de cascalho não era um corredor normal. Na mão
direita tinha um sensível microfone direcional. Preso ao abdômen trazia um
gravador sofisticado. Seguia Susanna desde que esta saíra de casa. Era uma tarefa
agradável: uma manhã fria de Outono, uma paisagem muito bonita, e as mulheres
corriam suficientemente depressa para lhe proporcionar um treino decente. Correu
cerca de cem metros para lá da ponte em Fletcher's Boat House. Depois deu meia
volta de repente e acelerou, os passos longos encurtando rapidamente a distância
que o separava das duas mulheres. Abrandou e manteve-se a cerca de trinta metros
atrás delas, com o microfone na mão direita apontado diretamente às duas figuras
mais à frente.
Paul Vandenberg sentia sempre um leve arrepio quando entrava na Sala
Oval. O Presidente chegou ao gabinete às oito horas em ponto, sendo seguido por
cinco homens numa sucessão rápida. O antecessor de James Beckwith procurava a
diversidade na sua administração, mas Beckwith queria que os conselheiros mais
próximos fossem como ele, fato que assumia sem reservas. Os homens instalaram-
se: o Vice-Presidente Ellis Creighton, o Conselheiro para a Segurança Nacional
William Bristol, o Secretário de Estado Martin Claridge, o Secretário da Defesa
Allen Payne e o Diretor da CIA Ronald Clark.
Tecnicamente, o Presidente dirigia as reuniões importantes como aquela,
mas Vandenberg servia de mestre-de-cerimônias. Mantinha a ordem de trabalhos,
dirigia o rumo das conversas e garantia que a discussão não se perdia.
─ O primeiro ponto da ordem de trabalhos é o ataque proposto à Espada de
Gaza ─ indicou. ─ Ron, importa-se de começar?
O Diretor da CIA trouxe mapas e fotografias de satélite ampliadas. ─ A
Espada de Gaza possui três instalações de treino principais ─ começou. ─ No
deserto líbio, a cento e cinquenta quilômetros de Tripoli. Nos arredores da
povoação de Shahr Kord, no oeste do Irã. E aqui ─ bateu com o dedo no mapa pela
última vez ─, em Al Burei, na Síria. Se atacarmos estes três locais infligimos um
golpe psicológico bem forte.
Beckwith franziu o sobrolho.
─ Por que apenas psicológico, Ron? Quero que seja um golpe definitivo.
─ Senhor Presidente, se me permite a franqueza, não creio que esse seja um
objetivo realista. A Espada de Gaza é um grupo pequeno, esquivo e extremamente
móvel. Bombardear os campos de treino vai fazer com que nos sintamos bem, e vai

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