A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Não é tão simples como parece. Olha quanto tempo demorei para te
encontrar. Conhece algum homem solteiro decente?
─ Todos os solteiros que eu conheço são espiões.
─ Agentes, Michael. Agentes.
─ Desculpe, Elizabeth.
─ Tens razão. A última coisa que eu quero que a Susanna faça é casar com
um maldito espião.
Michael entrou no ferry com cinco minutos de avanço. Soprava um vento
gelado. O barco fez-se às águas agitadas de Gardiners Bay. As ondas rebentavam
contra a proa, molhando o para-brisa do carro alugado. Michael saiu para a noite
gélida de Novembro e apoiou-se à amurada. Do outro lado da água, na margem da
ilha, podia ver a mansão branca dos Cannon, toda iluminada. O senador adorava
deixar as luzes acesas quando eles o iam visitar. Michael imaginou-se a levar
crianças no ferry. Imaginou passar os Verões com elas na ilha. Também queria
filhos, tanto quanto Elizabeth, se não mesmo mais. Guardava esses sentimentos
para si. Definitivamente, não queria contribuir para aumentar a pressão sobre ela.
Chegaram à ilha e atravessaram as ruas escuras da aldeia de Shelter Island
Heights. As lojas estavam encerradas. O Outono chegava ao fim e a ilha regressara
ao estado normal de calma. A propriedade dos Cannon ficava a pouco mais de um
quilômetro da aldeia, numa língua de areia com vista para o porto de um lado, e
para Gardiners Bay do outro. Quando entraram no caminho de acesso, Charlie saiu
da sua casa, de lanterna na mão e retrievers atrás. ─ O senador recolheu-se cedo ─
indicou. ─ Ele pediu-me que vos ajudasse a instalarem-se.
─ Está tudo bem, Charlie ─ respondeu Elizabeth. O casal mantinha roupas
na casa, para que pudesse ir de fim-de-semana sem se preocupar com bagagem. ─
É melhor entrar antes que morra de frio.
─ Está bem ─ replicou. ─ Boa noite aos dois.
Entraram em silêncio na casa e subiram até os grandes quartos
sobranceiros ao porto. Elizabeth abriu as portadas. Gostava de acordar com a visão
da água e com o tom alaranjado das madrugadas de Inverno.
Um aguaceiro passageiro acordou-os pouco depois da meia-noite. Elizabeth
voltou-se na escuridão e beijou a nuca de Michael. Ele mexeu-se e Elizabeth reagiu
pegando sua mão e puxando-o para cima dela. Despiu a camisola de flanela floral.
O corpo quente do marido pressionou-lhe os seios. ─ Oh, Michael, quem me dera
fazer um filho com você assim.
Michael entrou no corpo da esposa, que se ergueu ao seu encontro.
Elizabeth ficou surpresa com a rapidez com que sentiu o corpo se soltar. O

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