A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Para todos nós. Ficamos aliviados quando vimos aquela moto parar em frente ao
seu prédio — Gabriel saiu lentamente de trás da mesa. — Imagino que sua reunião com
Jalal Nasser ontem à noite tenha ido bem.
— Muito bem.
— Ele tem planos para você?
— Sim, acho que tem.
— Por causa das precauções de segurança dele, não pudemos gravar a conversa.
Confio que tenha feito isso por nós — mentalmente, é claro.
— Acho que sim.
— É importante que nos diga tudo o que ele disse ontem, exatamente da forma como
ele disse. Você consegue, Leila?
Ela assentiu.
— Ótimo — disse Gabriel, sorrindo pela primeira vez. — Por favor, sente-se e
comece do início. Quais foram as primeiras palavras que saíram da boca dele quando a
encontrou em frente à farmácia? Ele falou durante o percurso? Aonde ele a levou? Qual
foi o caminho? Conte-nos tudo que puder. Não há detalhe pequeno demais.
Ela se sentou na cadeira designada, ajustou seu hijab e começou a falar. Depois de
um ou dois minutos, Gabriel esticou o braço por cima da mesa e colocou uma mão
sobre a dela.
— Fiz alguma coisa errada? — perguntou ela.
— Está indo muito bem, Leila. Mas, por favor, comece de novo desde o início.
E,desta vez — completou —, seria útil se falasse francês em vez de árabe.


Foi neste ponto que eles foram confrontados com o primeiro dilema operacional sério
— pois, dentro das paredes da antiga Catedral de Senlis, Jalal Nasser, o homem de
Saladin na Europa Ocidental, dissera à sua potencial recruta que haveria mais ataques em
breve. Paul Rousseau declarou que eram obrigados a informar o ministro sobre os
acontecimentos, e talvez até os britânicos. O objetivo da operação, disse, era revelar a
rede. Trabalhando com o MI5, poderiam prender Jalal Nasser, interrogá-lo, descobrir
seus planos futuros e pegar seus agentes.
— Dar por encerrado? — perguntou Gabriel. — Ótimo trabalho?
— Seria verdade.
— E se Nasser não se dobrar com o interrogatório amigável que vai receber em
Londres? E se não revelar os planos nem os nomes dos agentes? E se houver redes e
células paralelas, de modo que, se uma cair, as outras sobrevivem? — ele pausou. E
depois completou: — E Saladin?


Rousseau concordou com o argumento. Mas, na questão de levar a ameaça ao
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