Natalie e Miranda Ward colocaram as malas no porta-malas e entraram, Miranda na
frente, Natalie atrás. Esta última abriu sua bolsa, tirou seu hijab verde favorito e o
prendeu devotamente. A farsa tinha acabado. Ela era Leila de novo. A Leila que amava
Ziad. A Leila de Sumayriyya.
Ao contrário do que supunha, Natalie não fizera a travessia de Santorini a Bodrum
sozinha. Yaakov Rossman a acompanhara na primeira parte do percurso; Oded, na
segunda. Ele tinha até tirado uma foto dela entrando no banco detrás da Mercedes,
retrato que enviara ao boulevard Rei Saul e ao esconderijo secreto em Seraincourt.
Minutos depois de sair do terminal, o carro estava indo na direção leste pela estrada
D330, observado por um satélite espião israelense Ofek 10. Pouco depois das duas da
manhã seguinte, entrou na cidade fronteiriça de Kilis, onde a câmera infravermelha do
satélite observou duas figuras, ambas as mulheres, entrando em uma pequena casa. Elas
não ficaram ali muito tempo — duas horas e doze minutos, precisamente. Depois,
atravessaram a fronteira porosa a pé, acompanhadas de quatro homens, e embarcaram
em outro veículo na cidade síria de A’zaz. Ele as levou na direção sul até Raqqa, capital
informal do califado. Ali, cobertas de preto, elas entraram em um prédio de apartamentos
perto do Parque al-Rasheed.
Em Paris, já era perto de quatro da manhã. Sem dormir, Gabriel passou para trás do
volante de um carro alugado e dirigiu até o Aeroporto Charles de Gaulle, onde
embarcou em um voo para Washington. Era hora de ter uma conversa com Langley,
para o desastre ficar completo.