— Deus o ajude, Gabriel.
— Ele geralmente ajuda.
Carter sorriu.
— E será que, por acaso, essa sua garota se chama Umm Ziad quando está online?
— Gabriel ficou em silêncio.
— Vou entender como um sim.
— Como você sabe?
— Turbulência.
Gabriel conhecia o codinome. Turbulência era um programa de vigilância de
computadores ultrassecreto da NSA que varria a internet continuamente procurando
sites militantes e chats jihadistas.
— A NSA a identificou como extremista em potencial logo depois de ela aparecer na
web — explicou Carter. — Tentaram plantar um software de vigilância no computador
dela, mas acabou que o computador era resistente a todas as formas de ataque. Não
conseguiam nem descobrir onde ela estava operando. Agora, sabemos por quê.
Olhando de canto de olho para Gabriel, ele perguntou:
— Quem é Ziad, aliás?
— O namorado morto.
— É uma viúva negra, sua garota?
Gabriel assentiu.
— Belo detalhe.
Dobraram a esquina na P Street e caminharam ao lado do muro de pedras de um
convento eremítico. As calçadas de tijolo vermelho estavam vazias, exceto pelo
destacamento de segurança de Carter. Dois guarda-costas andavam à frente deles e dois,
atrás.
— Você vai gostar de saber — disse Carter — que seu novo amigo Fareed Barakat
não me disse uma palavra sobre isso na última vez que nos falamos. Ele também nunca
mencionou nada sobre Saladin. — Depois de uma pausa, ele completou: — Pelo jeito,
dez milhões de dólares numa conta em um banco suíço não compram tanta lealdade
assim hoje em dia.
— Ele existe?
— Saladin? Sem dúvida, ou alguém como ele. E com certeza não é sírio.
— Ele é um de nós?
— Um oficial de inteligência profissional?
— Isso.
— Achamos que deve ter sido do Mukhabarat iraquiano.
— Nabil Awad também achava.
— Que descanse em paz. — Carter franziu o cenho. — Ele morreu mesmo ou
aquele tiroteio foi uma artimanha?
Encolhendo os ombros, Gabriel indicou que se tratava da primeira opção.
— Que bom que alguém ainda sabe ser duro. Se eu simplesmente disser uma palavra