al-Baghdadi, o próprio califa. Natalie examinou a rua procurando evidências do nome da
vila, mas não encontrou. Temia ter cruzado a fronteira invisível para o Iraque.
Bruscamente, a SUV fez uma curva, passando por um arco, e estacionou no pátio de
uma casa grande. Havia nele tamareiras; em sua sombra, reclinavam-se meia dúzia de
soldados do ISIS. Um deles, um jovem de talvez 25 anos cuja barba arruivada era um
projeto ainda em andamento, abriu a porta de Natalie e a conduziu para dentro. Na casa,
estava fresco, e de algum lugar vinha o som reconfortante de um falatório de mulheres.
Em um cômodo mobiliado apenas com tapetes e almofadas, o jovem com a fina barba
arruivada convidou Natalie a sentar-se. Ele rapidamente se retirou e uma mulher com
véu apareceu com uma xícara de chá. Ela, então, também saiu, e Natalie ficou com o
cômodo para si.
Ela afastou o véu e levou timidamente a xícara aos lábios. O chá açucarado entrou em
sua corrente sanguínea como droga em uma seringa. Bebeu-o lentamente, tomando
cuidado para não queimar a boca, e observou uma sombra se aproximando dela pelo
tapete. Quando a sombra alcançou o tornozelo dela, a mulher reapareceu para levar a
xícara. Então, um minuto depois, o cômodo vibrou com a chegada de outro veículo no
pátio. Quatro portas se abriram e se fecharam em quase uníssono. Quatro homens
entraram na casa.
Ficou imediatamente claro qual dos quatro era o líder. Ele era alguns anos mais velho
que os outros, movia-se de forma mais deliberada, comportava-se de forma mais calma.
Os três jovens carregavam fuzis automáticos de um modelo que Natalie não conseguiu
identificar, mas o líder só tinha um revólver, que carregava preso ao quadril. Estava
vestido ao modo de Abu Musab al Zarqawi — um macacão preto, tênis brancos, um
keffiyeh preto amarrado bem justo em sua cabeça grande. A barba era malcuidada, listrada
de grisalho e estava úmida de suor. Os olhos eram castanhos e estranhamente gentis,
como os olhos de Bin Laden. A mão direita estava intacta, mas a esquerda só tinha o
dedão e o indicador, evidência de fabricação de bombas. Por vários minutos, ele fitou
aquele amontoado preto sentado imóvel no tapete. Quando finalmente se dirigiu a ela,
falou em árabe, com sotaque iraquiano.
— Remova o véu.
Natalie não se mexeu. No Estado Islâmico, era haram uma mulher revelar seu rosto a
um homem que não fosse parente, mesmo que o homem fosse um iraquiano importante
da rede de Saladin.
— Não tem problema — disse ele, por fim. — É necessário.
Lenta e cuidadosamente, Natalie levantou o véu. Ela olhou para baixo, para o tapete.
— Olhe para mim — exigiu ele, e Natalie obedientemente levantou os olhos. Ele a