E
ALEXANDRIA, VIRGINIA
ra um dia incomumente tranquilo para os funcionários da transportadora Dominion
de Alexandria, na Virginia — só um trabalho pequeno, uma mulher que estava trocando
seu apartamento alugado em ruínas no Capitol Hill por um chalé apertado em North
Arlington, uma pechincha comprada por setecentos mil dólares. O trabalho só exigira
um caminhão e dois funcionários. Um deles era jordaniano; o outro, da Tunísia. Ambos
eram membros do ISIS e tinham lutado e treinado na Síria. A mulher, que trabalhava
como assessora para um importante senador republicano, é claro, não sabia nada disso.
Deu café e biscoitos aos homens e, quando terminaram o trabalho, pagou uma boa
gorjeta.
Os dois saíram de North Arlington às cinco e meia em direção à sede da empresa na
Eisenhower Avenue, em Alexandria. Por causa do trânsito pesado da hora do rush, só
chegaram às dezoito e quinze, alguns minutos depois do esperado. Estacionaram o
caminhão, um modelo Freightliner 2011, em frente ao armazém e entraram no escritório
por uma porta de vidro. Fatimah, a jovem que atendia os telefones da empresa, estava
ausente, e sua mesa, vazia. Ela voara a Frankfurt na noite anterior e agora estava em
Istambul. De manhã, inshallah, estaria no califado. Outra porta levava ao andar do
armazém. Havia dois Freightliner extras, ambos pintados com o logo da Dominion, e
três Honda Pilots. Dentro de cada Honda, um arsenal de fuzis AR-15 e pistolas Glock
calibre .45, além de uma bomba numa mochila e um colete suicida. Cada Freightliner
tinha sido carregado com uma bomba de quinhentos quilos de nitrato de amônia e
querosene.Eram réplicas exatas da enorme bomba que devastara a estação de Canary
Wharf, em Londres, em 1996. Não era coincidência. O homem que construíra a bomba
de Canary Wharf, um terrorista do Exército Republicano Irlandês chamado Eamon
Quinn, vendera sua criação para o ISIS por dois milhões de dólares. Os outros
membros da célula de ataque já estavam presentes. Dois usavam roupas ocidentais
comuns, mas os outros, onze no total, usavam uniformes militares pretos e tênis de
corrida brancos, uma escolha de vestimenta que homenageava Abu Musab al-Zarqawi.
Por motivos operacionais, o tunisiano e o jordaniano continuaram com seus macacões
azuis da Dominion. Tinham uma última entrega para fazer.
Às sete da noite, todos os quinze oraram juntos a última vez. Os outros membros da
célula de ataque saíram logo depois, deixando apenas o tunisiano e o jordaniano para
trás. Às sete e meia, entraram nas cabines dos caminhões Freightliner. O tunisiano tinha