— Melhor do que o esperado.
Um garçom se aproximou. Saladin fez um gesto para ele ir embora.
— Está vendo o homem na ponta do bar? — perguntou ele, em voz baixa.
— O que está falando ao telefone?
Saladin balançou a cabeça positivamente e perguntou:
— Já o viu antes?
— Acho que não.
— Ele vai tentar impedi-la. Não deixe.
Houve um momento de silêncio. Saladin se deu ao luxo de olhar uma última vez ao
redor do salão. Este era o motivo para ele ter feito a arriscada viagem a Washington: ver
com seus próprios olhos o medo nos rostos dos americanos. Por muito tempo, apenas
os muçulmanos tinham sentido medo. Agora, os americanos saberiam como era o gosto.
Eles tinham destruído o país de Saladin. Hoje, Saladin começava o processo de destruir
o deles.
Ele olhou para Safia.
— Está pronta?
— Sim — respondeu ela.
— Depois que eu sair, espere exatamente um minuto — ele apertou levemente a mão
dela, um sinal de encorajamento, e sorriu. — Não tenha medo, meu amor. Você não vai
sentir nada. E depois, vai ver o rosto de Alá.
— Que a paz esteja convosco — disse ela.
— E convosco.
Assim, Saladin se levantou e, pegando sua bengala, passou mancando pelo homem
de cabelos escuros e óculos até o saguão de entrada.
— Está tudo bem, senhor al-Farouk? — perguntou o maître.
— Preciso fazer uma ligação e não quero incomodar os outros clientes.
— Infelizmente, eles já estão incomodados.
— É o que parece.
Saladin saiu para a noite. Na calçada de tijolos, parou um momento para desfrutar do
lamento das sirenes. Um Lincoln Town Car preto esperava estacionado. Saladin entrou
no banco traseiro e instruiu o motorista, um membro de sua rede, a dirigir alguns
metros. Dentro do restaurante, cercada por mais de cem pessoas, uma mulher estava
sentada sozinha, olhando para o relógio de pulso. E, embora ela mesma não percebesse,
seus lábios estavam se movendo.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1