A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

A


BOULEVARD REI SAUL, TEL AVIV

unidade que trabalhava na Sala 414C do boulevard Rei Saul não tinha nome oficial
porque, oficialmente, não existia. Os que tinham sido informados de suas atividades só
se referiam a ele como Minyan[*], pois a unidade tinha dez pessoas e era exclusivamente
composta por homens. Apertando apenas algumas teclas, eles podiam escurecer uma
cidade, cegar uma rede de controle aéreo ou fazer as centrífugas de uma planta de
enriquecimento nuclear iraniana girarem enlouquecidamente. Três aparelhos Samsung e
um iPhone não seriam muito desafiadores.
Mikhail e Eli Lavon enviaram os conteúdos dos quatro telefones a partir da
Embaixada de Israel às vinte e quarenta e dois, horário local. Às nove, horário de
Washington, o Minyan concluiu que os quatro telefones tinham passado muito tempo
durante os últimos meses no mesmo endereço na Eisenhower Avenue em Alexandria, na
Virginia. Na verdade, tinham estado lá ao mesmo tempo no começo daquela noite e
viajado para Washington na mesma velocidade, pela mesma rota. Além disso, todos os
telefones tinham feito inúmeras ligações para uma empresa local de mudanças baseada no
mesmo endereço. O Minyan passou a informação a Uzi Navot, que, por sua vez, a
passou para Gabriel. Naquele ponto, ele e Adrian Carter tinham saído do CNC
bombardeado para o Centro de Operações Globais da CIA, em Langley. Gabriel fez
apenas uma pergunta a Carter:
— Quem é o dono da transportadora Dominion, em Alexandria?
Então, quinze preciosos minutos se passaram antes de Carter ter uma resposta. Ele
deu um nome e um endereço a Gabriel e disse que ele fizesse todo o possível para
encontrar Natalie viva. As palavras de Carter significavam pouco; como vice-diretor da
CIA, ele não tinha poder de deixar um serviço de inteligência estrangeiro operar com
impunidade em solo americano. Apenas o presidente poderia conceder tal autoridade e,
naquele momento, o presidente tinha coisas mais importantes com que se preocupar do
que uma espiã israelense sumida. Os Estados Unidos estavam sendo atacados. E,
gostasse ele ou não, Gabriel Allon seria o primeiro a retaliar.
Às vinte e uma e vinte, Carter deixou Gabriel no portão principal de segurança da
Agência e saiu rapidamente, como se fugindo de uma cena de crime, ou de um crime que
logo seria cometido. Gabriel ficou sozinho no escuro, observando ambulâncias e
veículos de resgate correndo pela Route 123 para Liberty Crossing, esperando. Era uma
forma adequada de terminar sua carreira no campo, pensou. À espera... Sempre à espera...
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