— O que Qassam fazia antes de entrar no negócio de mudanças?
— TI.
— Por que tantos deles trabalham com TI?
— Porque não precisam estudar matérias não islâmicas, como literatura inglesa ou
pintura italiana renascentista.
— Todas as coisas que tornam a vida interessante.
— Eles não estão interessados na vida, Eli. Só na morte.
— Será que ele deixou os computadores?
— Certamente espero que sim.
— E se tiver quebrado os HDs?
Gabriel ficou em silêncio. Outro carro passou na rua, com outro sul-americano ao
volante. Os Estados Unidos, pensou ele, também tinham suas banlieues.
— Qual é o seu plano? — perguntou Lavon.
— Não vou bater à porta e me convidar para uma xícara de chá.
— Mas nada de violência.
— Não — disse Gabriel. — Nada de violência.
— Você sempre diz isso.
— E?
— E sempre tem violência.
Gabriel pegou um dos AR-15 e verificou se estava suficientemente carregado.
— Porta da frente ou dos fundos? — perguntou Lavon.
— Eu nunca entro pela porta dos fundos.
— E se tiverem um cachorro?
— Pensamento desnecessário, Eli.
— O que quer que eu faça?
— Fique no carro.
Sem dizer mais nada, Gabriel saiu e atravessou rapidamente a rua, arma na mão,
Mikhail ao seu lado. Era engraçado, pensou Lavon, olhando, mas mesmo depois de
tantos anos, ele ainda se movia como o garoto de 22 anos que servira como anjo de
vingança de Israel depois de Munique. Ele escalou a cerca de arame com um passo lateral
e se lançou em direção à porta dos el-Banna. Houve um ruído agudo de madeira
quebrando, seguido pelo grito de uma mulher, abruptamente sufocado. Então, a porta se
fechou com força e as luzes da casa se apagaram. Lavon passou para o volante e
observou a rua tranquila. Isso porque não ia ter violência, pensou. Sempre tinha
violência.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1