A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

todos os cinco tinham sido mortos por balas 5,56×45 mm disparadas por dois fuzis de
assalto AR-15. Mais tarde, uma análise de balística determinaria que esses mesmos AR-15
tinham estado envolvidos no atentado ao Café Milano, em Georgetown. Mas quem
exatamente tinha atirado? O diretor do FBI disse não saber a resposta. Ninguém
acreditava nele. Pouco depois da descoberta na área rural da Virginia, o FBI prendeu
Amina el-Banna, esposa do homem encontrado no lago, para interrogá-la. E foi nesse
ponto que a história teve uma reviravolta intrigante, pois, imediatamente após sua
liberação, a senhora el-Banna contratou os serviços de um advogado de uma
organização de direitos civis com ligações conhecidas com a Irmandade Muçulmana.
Seguiu-se, em breve, uma coletiva de imprensa conduzida no jardim em frente ao
pequeno duplex dos el-Banna em Eighth Place, em Arlington. Falando em árabe, com
seu advogado como intérprete, a senhora el-Banna negou que seu marido houvesse sido
membro do ISIS ou tivesse tido qualquer papel no atentado a Washington. Além disso,
alegou que, na noite do atentado, dois homens invadiram sua casa e a interrogaram
brutalmente. Ela descreveu um dos homens como alto e magro. O outro era de altura e
compleição medianas, com têmporas grisalhas e os olhos mais verdes que ela já vira.
Ambos eram, obviamente, israelenses. Ela alegou que eles tinham ameaçado matar a ela e
seu filho — nunca mencionou que este se chamava Mohamed Atta — a não ser que ela
desse a eles as senhas dos computadores de seu marido. Depois de salvar os conteúdos
das máquinas, tinham ido embora rapidamente. Não, admitiu, ela não tinha relatado o
acontecimento à polícia. Teve medo, disse, por ser muçulmana.
As alegações da senhora el-Banna poderiam perfeitamente ter sido ignoradas se não
fosse a descrição de um dos homens que invadiram sua casa — o homem de altura e
compleição medianas, com têmporas grisalhas e olhos verdes vívidos. Antigos
habitantes do mundo secreto o reconheciam como o notável agente israelense chamado
Gabriel Allon, e alguns disseram isso na televisão. Apontaram rapidamente, porém, que
Allon não podia de forma alguma ter estado presente na casa da senhora el-Banna
porque tinha sido morto em um atentado na Brompton Road, em Londres, quase um
ano antes. Ou será que tinha mesmo? O embaixador de Israel em Washington, sem
querer, embaralhou as coisas ao se recusar a declarar categórica e inequivocamente que
Gabriel Allon de fato não estava mais entre os vivos.
— O que quer que eu diga? — dissera, perdendo a paciência, durante uma
entrevista. — Que ele ainda está morto?
Então, escondendo-se atrás da antiga política de Israel de se recusar a comentar
assuntos de inteligência, o embaixador pedira que o entrevistador mudasse de assunto.
E, assim, começou a lenta ressurreição de uma lenda.
Rapidamente apareceram na imprensa relatos de muitas aparições em Washington,
todos de procedência e confiabilidade duvidosas. Ele tinha sido visto entrando e saindo
de uma grande casa de estilo federal na N Street, ou assim dizia um vizinho. Tinha sido
visto tomando café em uma doceria na Wisconsin Avenue, ou assim dizia a mulher que
estivera sentada à mesa do lado. Tinha sido visto até jantando no Four Seasons na M

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