A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

de segurança e inteligência francês agora suspeitavam que ela tivesse viajado
clandestinamente à Síria para ser treinada. Curiosamente, o ISIS parecia não conhecê-la.
Seu nome não era mencionado em nenhum dos vídeos comemorativos nem nas
postagens de mídias sociais que inundaram a internet nas horas que se seguiram aos
atentados. Quanto à sua localização atual, era desconhecida.
A mídia de ambos os lados do Atlântico começou a chamar isso de “Conexão
Francesa” — as ligações desconfortáveis entre o atentado em Washington e cidadãs do
aliado mais antigo dos Estados Unidos. O jornal Le Monde revelou uma “conexão”
adicional ao noticiar que um oficial sênior da DGSI chamado Paul Rousseau, o herói da
campanha secreta contra a Ação Direta, tinha sido ferido no atentado ao Centro Nacional
de Contraterrorismo. Mas por que Rousseau estava lá? A DGSI alegava que ele estava
envolvido com as medidas de segurança rotineiras relacionadas à visita do presidente
francês a Washington. O Le Monde, porém, discordou educadamente. Rousseau,
segundo o jornal, era chefe de algo chamado Grupo Alpha, uma unidade de
contraterrorismo ultrassecreta conhecida por suas armadilhas e seus truques sujos. O
ministro do Interior negou a existência do Grupo Alpha, bem como o chefe da DGSI.
Ninguém na França acreditou neles.
Naquele ponto, ninguém nem se importava, pelo menos não nos Estados Unidos,
onde a ordem do dia era a vingança sangrenta. O presidente imediatamente ordenou
ataques aéreos em massa contra todos os alvos conhecidos do ISIS na Síria, no Iraque e
na Líbia, mas fez questão de garantir ao mundo islâmico que a América não estava em
guerra contra ele. Também rejeitou os apelos por uma invasão americana ao califado. A
reação americana, disse o presidente, seria limitada a ataques aéreos e operações especiais
para matar ou capturar líderes seniores do ISIS, como o homem ainda não identificado
que planejara e executara o atentado. Os críticos do presidente ficaram furiosos. O ISIS,
cujo maior desejo era uma batalha final apocalíptica com os Exércitos de Roma em um
local chamado Dabiq, também. O presidente se recusava a conceder o desejo do Estado
Islâmico. Ele tinha sido eleito para pôr fim às inacabáveis guerras no Oriente Médio, não
para começar outra. Desta vez, os Estados Unidos não reagiriam de forma excessiva.
Sobreviveriam ao atentado a Washington, disse ele, e sairiam mais fortes daquilo.
Entre os primeiros alvos da reação militar americana estavam um prédio de
apartamentos perto do Parque al-Rasheed, em Raqqa, e uma grande casa com muitos
cômodos e pátios a oeste de Mosul. Internamente, porém, a mídia americana estava
focada em uma casa muito diferente, um chalé triangular de madeira perto da cidade de
Hume, na Virginia. O chalé tinha sido alugado para uma empresa de fachada baseada em
Northern Virginia, de propriedade de um cidadão egípcio chamado Qassam el-Banna. O
mesmo Qassam el-Banna tinha sido encontrado em um pequeno lago na propriedade,
no banco da frente de seu Kia sedã, com quatro tiros à queima-roupa. Cinco outros
corpos foram achados dentro do chalé, quatro soldados do ISIS vestindo uniformes
militares pretos e uma mulher, que mais tarde seria identificada como Megan Taylor,
uma convertida ao islã originalmente de Valparaíso, em Indiana. O FBI concluiu que

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