A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

disse ele, era uma ameaça que não podia mais ser ignorada. Também deixou claro que o
ramsad anterior continuaria no Escritório.
— Em que posição? — perguntou o ministro de Relações Exteriores, incrédulo.
— Na posição que eu achar melhor.
— Isso é algo sem precedentes.
— Pode se acostumar.
O chefe do Escritório não faz um juramento; ele só assina seu contrato. Quando a
burocracia estava terminada, Gabriel foi ao boulevard Rei Saul, onde fez um
pronunciamento para a equipe e se encontrou brevemente com a equipe sênior que
estava saindo. Depois, ele e Navot foram na mesma SUV blindada para a casa de
Shamron em Tiberíades. A subida íngreme estava tão congestionada que eles tiveram de
deixar o veículo bem longe da entrada. Quando chegaram ao terraço com vista para o
lago, houve uma grande comemoração, com gritos capazes de cruzar as Colinas de Golã
até a Síria. Parecia que todo mundo do passado confuso de Gabriel tinha viajado para lá:
Adrian Carter, Fareed Barakat, Paul Rousseau, até Graham Seymour, vindo de Londres.
De lá, também vinham Julian Isherwood, o marchand que providenciara o disfarce de
Gabriel como restaurador de arte, e Samantha Cooke, repórter do The Telegraph que
tinha intencionalmente vazado a história da morte dele.
— Você me deve uma — disse ela, beijando-o na bochecha.
— O cheque está no correio.
— Quando vai chegar?
— Em breve.
Havia muitos outros, é claro. A viagem de Timothy Peel, o garoto de Cornwall que
morava ao lado de Gabriel quando este estava se escondendo em Helford Passage, tinha
sido paga pelo Escritório. A de Sarah Bancroft, historiadora de arte e curadora
americana que Gabriel usara para se infiltrar nas cortes de Zizi e Ivan, também. Ela
apertou friamente a mão de Mikhail e fuzilou Natalie com os olhos, mas, fora isso, a
noite passou sem problemas.
Maurice Durand, o ladrão de arte mais bem-sucedido do mundo, veio de Paris e
conseguiu de alguma forma evitar esbarrar em Paul Rousseau, que certamente teria se
lembrado dele da brasserie na rue de Miromesnil. Monsignor Luigi Donati, secretário
particular de Sua Santidade papa Paulo VII, estava lá, assim como Christoph Bittel, o
novo aliado de Gabriel dentro do serviço de segurança suíço. Metade do Knesset tinha
vindo, junto com vários oficiais seniores das FDI e os chefes de todas as outras agências
de inteligência israelenses. E, olhando tudo isso, sorrindo feliz como se toda a produção
tivesse sido arranjada para seu contentamento pessoal, estava Shamron. Gabriel nunca o
tinha visto tão feliz. O trabalho de sua vida estava completo. Gabriel estava casado
novamente, era pai e chefe do Escritório. O restaurador estava restaurado.
Mas a noite era mais que uma comemoração da promoção de Gabriel; era também a
primeira festa de aniversário das crianças. Chiara acendeu as velas, enquanto Gabriel,
fazendo o papel de pai orgulhoso, gravava o evento em seu celular protegido. Quando

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