A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

calcário na rua Narkiss, 16, em Jerusalém, mas Gabriel Allon e sua família não moram lá.
Durante uma visita recente a Israel, fiquei sabendo que o prédio agora é uma parada em
pelo menos uma visita guiada da cidade. Minhas sinceras desculpas aos residentes e
vizinhos.
Já houve uma vila na Galileia Ocidental chamada al-Sumayriyya, e sua condição atual
está representada de forma precisa nas páginas de A viúva negra. Leitores fiéis da série de
Gabriel Allon sabem que ela apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos em Prince of
fire (Príncipe de fogo), em 2005, como lar de uma terrorista chamada Fellah al-Tamari.
Deir Yassin foi de fato local de um massacre notório que ocorreu durante os negros dias
do conflito sectário de 1948, que deu origem tanto ao moderno Estado de Israel quanto à
crise de refugiados palestinos. A antiga vila agora sedia o Centro de Saúde Mental Kfar
Shaul, um hospital psiquiátrico que utiliza alguns dos antigos prédios e casas
abandonados pelos originais residentes árabes de Deir Yassin. O Kfar Shaul é afiliado ao
Centro Médico Hadassah e especializado no tratamento da síndrome de Jerusalém, uma
doença de obsessão e delírios religiosos que começa com a visita à cidade fraturada de
Deus no topo de um morro. A condição de Leah Allon é muito mais séria, bem como
seus ferimentos físicos. Sempre fui um pouco vago sobre o endereço exato do hospital
onde ela está internada. Agora, sabemos sua localização aproximada.
Não há Gallerie Mansour no centro de Beirute, mas as ligações do Estado Islâmico
com o comércio de antiguidades saqueadas são bem documentadas. Explorei pela
primeira vez esse conceito de terroristas levantando dinheiro com a venda de
antiguidades escavadas roubadas ou ilícitas em Anjo caído, de 2012. Naquela época, não
havia prova, ao menos não de conhecimento geral, de que terroristas estivessem de fato
enchendo os bolsos com a venda de tesouros do passado; era só algo que eu suspeitava
estar ocorrendo. Não sinto satisfação em estar certo, especialmente no caso de gente
como o ISIS.
Mas o ISIS não se contenta em apenas vender antiguidades; ele também as destrói,
especialmente se estiverem em conflito com a interpretação do islã do grupo. Depois de
varrer Palmira em maio de 2015, os guerreiros santos do Estado Islâmico prontamente
destruíram vários templos romanos da cidade. Forças leais ao regime de Assad
recapturaram Palmira enquanto eu estava finalizando a primeira versão de A viúva negra.
Tendo jurado, no início, que não perseguiria as areias movediças do conflito, escolhi
manter o capítulo 39 como originalmente escrito. São os perigos de tentar alcançar a
história enquanto ela acontece. Sinto dizer que acredito de que a guerra civil na Síria
continuará por anos, se não por décadas, como a guerra que quase destruiu seu vizinho,
o Líbano. Territórios serão conquistados e perdidos, capturados e abandonados.
Milhares mais se tornarão refugiados. Muitos mais morrerão.
Fiz o máximo para explicar as origens e o crescimento explosivo do ISIS com
precisão e imparcialmente, mas tenho certeza de que, dada a política dividida e cada vez
mais disfuncional nos Estados Unidos, algumas pessoas terão críticas ao meu retrato.
Não há dúvida de que a invasão americana do Iraque em março de 2003 plantou a

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