uma ideologia e fé nascidas no Oriente Médio. O presidente Barack Obama pareceu
expressar esse ponto de vista após o ataque à revista satírica Charlie Hebdo e o cerco no
mercado Hypercacher. Alertando para uma reação excessiva, ele desprezou os
responsáveis como “um bando de fanáticos violentos e depravados que cortam cabeças
ou atiram aleatoriamente em um monte de gente numa delicatessen em Paris”. Não era
uma delicatessen, é claro; era um mercado kosher. E as quatro vítimas não eram “um
monte de gente”. Eram judeus. E só por este motivo viraram alvo e foram cruelmente
massacradas.
Mas como o Ocidente chegou até aqui? No posfácio de Retrato de um espião, avisei
sobre o que ia acontecer se os Estados Unidos e seus aliados lidassem de forma errada
com a chamada Primavera Árabe. “Se as forças da moderação e da modernidade
prevalecerem”, escrevi em abril de 2011, “é possível que a ameaça do terrorismo recue
gradualmente. Mas, se clérigos muçulmanos radicais e seus fiéis conseguirem tomar o
poder em países como Egito, Jordânia e Síria, podemos muito bem acabar olhando com
carinho para os primeiros anos turbulentos do século XXI como a era dourada das
relações entre o islã e o Ocidente”. Infelizmente, a promessa da Primavera Árabe foi
quebrada e o mundo árabe está em revolta. Com a era do petróleo acabando, seu futuro é
lúgubre. Se a história é um guia, um líder de sorte pode surgir do caos. Talvez, ele
venha do berço bíblico da civilização, perto das margens de um dos quatro rios que
fluíam do Jardim do Éden. E, talvez, se tiver essa inclinação, ele se refira a si mesmo
como Saladin.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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