— Mas não é a única passagem subterrânea por dentro do monte.
— Não — respondeu Lavon, balançando a cabeça. — Existe pelo menos mais um
túnel. Nós o encontramos dois anos atrás. Fica a uns 50 metros para lá. — Ele apontou para o
norte. — E tem o projeto idêntico ao do Portão de Warren.
— Por que isso nunca foi levado a público?
— Porque ninguém queria começar outro tumulto. Alguns arqueólogos israelenses
tiveram permissão para passar alguns minutos dentro da passagem antes de ela ser fechada.
— Você estava entre eles?
— Era para estar, mas eu tive outro compromisso.
— Onde?
— Moscou.
— Ivan?
Lavon assentiu.
— Qual a espessura do bloqueio nesse túnel novo?
— Não é igual a este — falou Lavon, passando a mão pelos tijolos rústicos. — Até um
arqueólogo fracote conseguiria atravessar sem dificuldades. Para um cara durão como você,
duas marteladas devem bastar.
— E quanto ao barulho?
— O sermão deve abafar — explicou Lavon. — Mas há outro problema.
— Qual?
— Se aquela bomba explodir conosco dentro do Monte do Templo, vamos ter o mesmo
destino que Rivka.
— Existem lugares piores para ser enterrado, Eli.
— Você não tinha dito que este lugar não passava de uma pilha de pedras?
— Sim — concordou Gabriel. — Mas são as minhas pedras.
Lavon ficou em silêncio.
— No que você está pensando?
— Nos pilares.
— Me dê um martelo e uma lanterna, Eli, e levo você para ver os pilares.
44
Jerusalém
O percurso do King Saul Boulevard até o escritório do primeiro-ministro em Jerusalém
costumava levar meia hora, mas naquela tarde a comitiva que acompanhava Navot o
completou em 22 minutos. Quando o diretor do Escritório entrou no prédio, o rádio de Gabriel
passou da freqüência usada pela rede de proteção do papa para uma faixa criptografada
reservada para funcionários de segurança da agência. Assim, Navot pôde ouvir Gabriel e Eli
saquearem um depósito no Túnel do Muro das Lamentações atrás dos equipamentos
necessários para invadirem o Monte do Templo.