— Sim — falou Navot, encarando as imagens das multidões saindo da Mesquita de Al-
Aqsa. — Eles vão despedaçá-los.
— Devemos mandá-los sair?
— Receio que seja tarde demais.
Eles haviam acabado de entrar no primeiro aqueduto. Eram 14h23.
A passagem tinha a largura de uma cabine telefônica e era tão baixa que eles mal
conseguiam andar eretos. Nas paredes, havia vários pequenos filetes de água corrente, mas a
maior parte da formação rochosa era tão seca quanto os ossos de Rivka. Lavon se orientou
pela bússola, contando os passos em voz baixa.
O canal fazia um percurso sinuoso, deixando Gabriel e Eli só com uma vaga idéia do
que os aguardava mais à frente. Apesar de estarem poucos metros abaixo da superfície do
monte, se escutava apenas o som de seus pés e da contagem de Lavon. Após duzentos passos,
chegaram à cisterna seguinte. Lavon parou e olhou em volta, maravilhado. Levou o dedo aos
lábios, alertando Gabriel para falar baixo.
— Você está reconhecendo? — perguntou Gabriel.
Lavon assentiu.
— A formação em T bate com a da cisterna que Warren encontrou aqui — respondeu
ele num sussurro rouco. — Provavelmente foi escavada na época de Herodes. As pedras
extraídas deste ponto podem muito bem ter sido usadas no próprio Templo.
— Onde no monte nós estamos?
— Bem na frente da entrada da Al-Aqsa. — Ele indicou a seção horizontal do T. —
Deve haver mais uma cisterna pequena em forma de T bem ali. E então...
— O Grande Mar?
Lavon confirmou e conduziu Gabriel pela parte de cima da cisterna antiga. No lado
oposto, estava a entrada de outro aqueduto, mais estreito que o anterior. Como esperado, a
passagem os levou para a cisterna seguinte. Dessa vez, foram em direção ao pé do T e
entraram no outro aqueduto. Alguns passos depois, depararam com o vasto abismo do Grande
Mar, que lembrava uma catedral.
E estava completamente vazio.
— E então? — perguntou o primeiro-ministro. Navot balançou a cabeça.
— O que eles vão fazer agora?
— Estão tentando decidir.
No topo da câmara, havia uma abertura, assim como o óculo do Panteão, em Roma. Um
feixe de luz solar brilhante passava pelo buraco, junto com o som de um sermão amplificado
vindo do minarete da Mesquita de Al-Aqsa.
— A que distância da superfície nós estamos? — perguntou Gabriel.
— A 13 metros.
— Se Dina tiver razão, a bomba está numa câmara a quase 40 metros abaixo de nós.
— O que faria sentido — falou Lavon.
— Por quê?
— Se eu quisesse destruir o platô do Monte do Templo, eu colocaria a carga num lugar
mais baixo que este.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1