relacionada ao Escritório que sabia exatamente o que havia acontecido naquela noite em
Viena.
— Faz um tempo desde sua última visita. — O doutor deu um sorriso bondoso. — Ela
quer vê-lo.
— Como ela está?
— Igual. Nessa fase de sua vida, é o melhor que podemos esperar.
O médico conduziu Gabriel pelo braço por um corredor de pedra calcária até uma sala
comunal com janelas dando vista para o jardim do hospital, onde, à sombra de um pinheiro,
Gabriel pedira permissão para se casar com Chiara. Devido à memória fluida, Leah se
lembrava disso só de vez em quando. Havia dias em que ela parecia se dar conta de que
Gabriel não era mais seu marido, mas, durante a maior parte do tempo, era prisioneira de seu
passado. Na mente aturdida de Leah, os períodos prolongados de ausência de Gabriel não
eram nada incomuns. Graças a Shamron, ele sempre entrou e saiu do mundo de sua ex-mulher
com pouco ou nenhum aviso prévio.
Ela estava sentada na cadeira de rodas, com os restos retorcidos de suas mãos sobre o
colo. Os cabelos, uma vez compridos e escuros como os de Chiara, agora eram mantidos
curtos e tinham manchas grisalhas. Gabriel beijou a pele queimada fria e rígida de sua
bochecha antes de se sentar num pequeno banco que o médico colocara ao lado. Leah pareceu
ignorar sua presença. Seus olhos estavam voltados para o jardim escurecido, mas desfocados.
— Você ama essa garota? — ela perguntou de repente, o olhar ainda fixo em algum
ponto distante.
— Que garota? — perguntou Gabriel. Quando percebeu que Leah estava simplesmente
revivendo a conversa que dissolvera o casamento deles, sentiu um aperto no peito. — Eu amo
você — falou com suavidade, apertando as mãos geladas dela. — Sempre amarei, Leah.
Um sorriso tomou os lábios dela por um breve instante. Em seguida, ela olhou para
Gabriel com uma expressão desaprovadora.
— Você está trabalhando para Shamron de novo.
— Como você sabe?
— Posso ver em seus olhos. Você é outra pessoa.
— Eu sou Gabriel.
— Só uma parte de você é Gabriel.
Ela virou o rosto na direção do vidro.
— Não vá ainda, Leah.
Ela se voltou para ele.
— Com quem você está lutando desta vez? Setembro Negro?
— Setembro Negro não existe mais.
— Quem, então?
— O Hezbollah — respondeu ele, após uma hesitação. — É o Hezbollah, Leah.
O nome não pareceu significar nada para ela.
— Fale-me a respeito — pediu ela.
— Eu não posso.
— Por que não?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1