Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

zero, zero, cinco.
Rivlin devolveu o memorando à pasta.
— Pouco depois de Müller ter enviado essa carta a Martin Luther,
Erich Radek foi retirado do comando na Ucrânia e transferido de volta ao
Departamento Principal de Segurança do Reich em Berlim. Foi destacado
para o departamento de Eichmann e embarcou num período intenso de
estudo e planificação. Sabe, esconder o maior caso de assassinato em massa
da história não era tarefa fácil. Em Junho, regressou a leste, sob a
autoridade direta de Müller, e meteu mãos à obra.
A cidade polonesa de Lodz, a cerca de oitenta quilômetros a
sudoeste do campo de concentração de Chelmno foi escolhida por Radek
para sede do seu Sonderkommando 1005. A morada exata era Geheime
Reichssache e desconhecida, exceto para algumas altas patentes das SS.
Toda a correspondência passava pelo departamento de Eichmann em
Berlim.
Radek confiou na cremação como o método mais eficaz de se livrar
dos corpos. Queimar já fora tentado antes, normalmente com lança-
chamas, mas com resultados insatisfatórios. Radek fez bom uso dos seus
conhecimentos de engenharia, inventando um método de queimar
cadáveres, dois mil de cada vez, em piras feitas de torres aerodinâmicas.
Vigas de madeira grossas, com cerca de sete a oito metros de comprimento,
eram embebidas em gasolina e colocadas em cima de blocos de cimento. Os
corpos eram espalhados entre as vigas: corpos, vigas, corpos, vigas, corpos
A acendalha embebida em gasolina era colocada na base da estrutura e
posta em chamas. Quando o fogo esmorecia, os corpos carbonizados eram
esmagados e dispersos por maquinaria pesada.
O trabalho sujo era feito por escravos judeus. Radek organizou os
judeus em três equipes, uma equipe para abrir o fosso fúnebre, a segunda
para transportar os cadáveres do fosso para a pira, e uma terceira para
procurar ossos e objetos de valor nas cinzas. No final de cada operação, o
terreno era terraplanado e replantado para esconder o que se tinha
passado ali. Em seguida os escravos eram assassinados e os corpos
destruídos. Dessa forma o segredo da Aktion 1005 era preservado.
Quando o trabalho em Chelmno terminou, Radek e o seu
Sonderkommando 1005 seguiram para Auschwitz, onde tinham como
missão limpar os cheios fossos fúnebres. No final do Verão de 1942,
problemas sérios de contaminação e de saúde surgiram em Belzec, Sobibor
e Treblinka. Poços junto dos campos que abasteciam de água potável os
guardas e as unidades Wehrmacht circundantes tinham sido contaminados

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