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Acordou com o aroma forte do café. Abriu os olhos e descobriu uma cara
simpática a sorrir-lhe com um tabuleiro de plástico nas mãos.
— Pequeno-almoço? — perguntou a hospedeira.
Regina soergueu-se nos cotovelos e abanou positivamente a cabeça.
Afastou o cobertor e deixou-se ficar sentada, vendo a hospedeira baixar a
mesinha de apoio à sua frente, onde colocou o tabuleiro, tratando em seguida
de endireitar as costas da poltrona dela.
— Se precisar de mais alguma coisa — disse — é só tocar no botão.
— Obrigada — agradeceu Regina, ainda estremunhada mas a apreciar o
tratamento de luxo que lhe era dispensado pela tripulação.
A visão do tabuleiro e o cheiro agradável da comida quente abriram-lhe o
apetite. Sentiu-se esfomeada e comeu com agrado os ovos mexidos, o
pãozinho com doce e o queijo. Em seguida foi à casa de banho. Passou a cara
por água, lavou os dentes, penteou-se e pôs uma gota de perfume atrás das
orelhas. Regressou ao seu lugar refrescada e bem acordada.
O comandante foi ter com ela minutos depois e Regina não pôde evitar um
sorriso ao vê-lo descer a escada e aproximar-se.
— Bom dia — exclamou ele, esbanjando boa-disposição logo pela manhã.
— Dormiu bem?
— Lindamente, obrigada — respondeu Regina, espantada com o aspecto
impecável dele, a perguntar-se se será possível que este homem nunca se
amarrote?! O comandante vinha bem penteado, bem cheiroso e bem
barbeado. As camisa não apresentava mácula e o único vinco das calças havia
sido feito, obviamente, por um ferro de engomar. Ele sentou-se na poltrona ao
lado dela e tirou um maço de Marlboro do bolso da camisa.
— Importa-se que fume?
— Só se não me oferecer um.
Ofereceu-lhe. Acendeu-lhe o cigarro com um pesado isqueiro de ouro, um
Dupont , que Regina deduziu tratar-se de mais um sinal da omnipresente
esposa do cavaleiro andante . Um presentinho de anos de casados, talvez?
— Aterramos daqui a uma hora — anunciou o comandante, lançando para o