com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira.
— Temos dinheiro?
— Claro que temos dinheiro, pá! — exclamou alegremente o playboy . —
Dinheiro não é problema, já te tinha dito.
— Então, o resto também não é problema — mentiu, a pensar que, por
acaso, até era.
— Excelente, excelente. Quando é que o fazemos?
— Daqui a uns dias. Eu ligo-te, marco o encontro, fazemos a transacção.
— Tudo bem, mas atenção! — ergueu a mão como se mandasse parar o
trânsito. — Nada de cenas maradas. Só quero comprar o produto, simples e
sem dramas.
— E eu sou o quê, algum mafioso?
— Não, claro que não. Ninguém está a dizer isso.
— Então, relaxa e não te preocupes que eu trato de tudo.
— Ah, e tem de ser até à próxima sexta-feira. — Sorriu, o malandro.
— Vou dar uma festa.
— Okay — concordou Nuno. — Vou ver o que se arranja.
— Nuno, até sexta — frisou. — Depois, já não preciso.
— Como acabei de dizer, eu trato do assunto.
— Vou dar uma festa... — E que festa, pensou Nuno.
— Já me tinhas dito.
— Pois já... — pôs-se pensativo.
— Algum problema?
— Não, nenhum problema... — respondeu, assim meio ausente.
— Então, óptimo, está combinado, eu...
— Já imaginaste aquela cena dos americanos? — interrompeu-o, mudando
para o seu pensamento emergente.
— Qual cena? — perguntou Nuno, enchendo-se de paciência.
— A da Lua, pá! Os gajos foram mesmo à Lua, no outro dia!
— Ah, essa cena. E isso vem a propósito de?...