Um Homem Escandaloso

— Está — titubeou. Foi apanhado desprevenido, não antecipara uma cena de striptease e agora
não sabia como comportar-se. Teve muita dificuldade em manter a compostura. Cristiane parecia
convidá-lo a avançar e João Pedro achou que ia largar a paleta, levantar-se, atirar-se a ela
desbragadamente, mas o bom senso disse-lhe que não era o momento, que devia refrear o instinto e
não confundir descaramento com incitamento. Cristiane testava-o mais uma vez e se desse um passo
em falso, ela recuaria e acabava-se tudo imediatamente. Teve o discernimento de se manter sentado,
procurando aparentar uma atitude profissional, neutra, apesar de sentir que se denunciava pela
protuberância involuntária que se insinuava no baixo-ventre e forçava a braguilha. Pousou a paleta no
colo, respirou.
Ela abriu os braços em sinal de expectativa.
— Então — perguntou —, que faço agora?
Notou que ela tinha os pêlos púbicos rapados e aquilo era tudo muito perturbador.
— Deita-te na chaise longue de barriga para baixo — ordenou-lhe. Sempre ficava mais tapada e
ele talvez conseguisse recuperar a capacidade de raciocinar e o domínio dos nervos. Cristiane
obedeceu-lhe.
— Assim?
— Estás confortável?
— Nem por isso.
— Chega o cotovelo direito para a frente e apoia a cabeça na mão.
Ela fez isso.
— Melhor?
— Sim.
— Óptimo. Agora dobra os joelhos para ficares com os pés no ar. Excelente, deixa-te estar assim,
quietinha.