de que dispunha para o obrigar a render-se aos seus encantos. O incentivo maior para ela se aplicar
era a enganadora indiferença dele. O primeiro teste fora o truque da camisa aberta, agora recorria
aos seus melhores argumentos, por assim dizer. Portanto, Cristiane não ansiava satisfazê-lo para que
ele a aprovasse, mas para que ele se tornasse dependente. O facto de se sentir fascinada por João
Pedro só a motivava mais.
Subitamente, interrompeu o que fazia e ergueu-se, deixando João Pedro suspenso quando já se
abandonava ao êxtase que se aproximava, sem se preocupar com ela. Mas Cristiane era exímia na
arte do amor e manipulava-o, levando-o quase até ao fim, recuando no último momento. Ele,
desconcertado, viu-a levantar-se, despir com gestos sensuais o trapinho que lhe restava, regressar
para junto dele.
Colocou-se de joelhos, de pernas afastadas, de frente para ele. Debruçou o peito sobre o rosto
dele, apoiando as mãos nas costas da chaise longue , atrás dos ombros de João Pedro, que logo
mergulhou o rosto nos seios que se dispunham à sua frente como uma oferta dos céus. A sua mão
procurou às cegas por entre as pernas dela e descobriu-a pronta para ele, embora se recusasse
caprichosamente a permitir o que João Pedro desesperava por concretizar.
Cristiane brincava com ele, provocava-o, excitava-o, conduzia-o ao desespero e recuava. E João
Pedro, sabendo que não devia forçá-la, nada podia fazer senão sujeitar-se à tortura de prazer que ela
lhe infligia. Até que, misericordiosamente, Cristiane se sentou no seu colo e ele entrou nela com um
alívio de menino feliz e agradecido.
Depois, não admitiu que tinha sido a sua melhor noite de sempre porque o instinto o avisou que não
devia fazê-lo. Acabaria por ter de dizer a Cristiane que ela era apenas a segunda mulher de uma vida
inteira, e isso pareceu-lhe uma confissão insuportável.