Adega - Edição 159 (2019-01)

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gio e uma cuvée rara (e cara) chamada BAM!.
O nome, além de significar uma expressão de
surpresa diante de tamanha acidez, é a sigla das
uvas Blanc (Vrai), Arbane e Meslier (Petit). Ela
também é produzida com o método de “reserva
perpétua”.
Esses produtores se sentem guardiões das tradi-
ções de Champagne e não apenas isso. Sentem-se
visionários. O aquecimento global empurra algu-
mas gigantes de Champagne para o sul da Ingla-
terra, que já produz excelentes borbulhas, mas a
saída pode estar no quintal de casa. As variedades
ancestrais foram abandonadas pela baixa produ-
ção, mas também pela acidez mais acentuada.
O clima mais quente prejudica, ano a ano, a
acidez típica dos Champagnes, mas a autóctone
Petit Meslier, por exemplo, tem uma acidez tão
vibrante que nem o calor é capaz de atrapalhar.
Os produtores que guardaram a tradição, garan-
tem que o futuro das sete variedades está garanti-
do e será promissor.

Drappier enfrentou a dificuldade do pós-guerra,
reergueu o negócio da família, mas perdeu a
queda de braço com o filho, que lançou a cuvée
Quattuor Blanc de Blancs com as ancestrais Arba-
ne, Petit Meslier e Blanc Vrai, acompanhadas pela
Chardonnay.
François Moutard tem na lembrança o dia
em que estava entre os vinhedos, plantados com
Arbane em 1952, por seu pai Lucien, e um dos
dirigentes do comitê perguntou (sugerindo): “Por
que não arranca as ancestrais e planta as mais
rentáveis?” Ele simplesmente levantou os om-
bros e não respondeu. Pelas leis da denomina-
ção, as uvas são autorizadas e ponto final. Hoje a
Cuvée Moutard 6 Cépages (Chardonnay, Pinot
Noir e Pinot Meunier, Arbane, Petit Meslier e
Pinot Blanc) é disputada pelos importadores de
todo o planeta e pode ter em breve o reforço da
Fromenteau como sétima variedade.
Benoit Tarlant, da Champagne Tarlant, é uma
referência em Champagne orgânico, tem prestí-

Fromenteau (também
conhecida como
Pinot Gris) pode fazer
parte do blend de
Champagne

Jean-Charles GUTNER
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