Exame - Edição 1180 (2019-03-06)

(Antfer) #1
52 | http://www.exame.com

PME | TRANSPORTES


prestação de contas era um inferno: a ca-
da semana, seu departamento financeiro
tinha de emitir as notas e justificar os
ganhos e gastos para cada motorista. Fi-
nalmente, o sistema era sujeito a fraudes;
nada impedia que os motoristas usassem
outros aplicativos e ganhassem por fora,
escapando ao controle da PPCar.
Em outubro de 2017, Ribeiro promoveu
o que no mundo das startups é conhecido
como “pivotagem”: um ajuste buscando
outro mercado ou outra forma de atua-
ção. Encerrou os contratos e praticamen-
te começou de novo, com um modelo de
aluguel “puro”. O desafio era conquistar
clientes (os motoristas) concorrendo com
locadoras tradicionais com até 100 vezes
mais automóveis do que a PPCar (a Loca-
liza, por exemplo, tem uma frota de cerca
de 250 000 carros).
A vantagem da PPCar é a especializa-
ção. Seu aluguel é até um pouco mais
caro, mas inclui uma quilometragem
maior, visando a quem vai rodar 10 ou 12
horas por dia. A cobrança do aluguel é

CARROS PARA COMPARTILHAR
No ano passado, a frota da PPCar quintuplicou —
e a meta para este ano é quadruplicar

2  188


10  000


858


402


Semana 1 Semana 27 Semana 52Projeção

Automóveis da PPCar, desde janeiro/2018

semanal, porque os aplicativos também
pagam por semana. Os carros são 1.0, no-
vos e econômicos (parte deles, ainda em
fase de teste, roda com gás). Não há car-
ros com placas de final 9 e 0, sujeitos a
rodízio às sextas-feiras em São Paulo. E o
mais importante: não é preciso compro-
var boas condições financeiras, basta
uma caução de 1 000 reais. “Estamos dan-
do crédito a quem não tem”, afirma Ri-
beiro. “Muitos de nossos motoristas não

teriam condições de ter um carro próprio,
ainda mais um zero-quilômetro.”
Essas condições são possíveis porque
a PPCar montou uma operação totalmen-
te voltada para os aplicativos. Um dispo-
sitivo instalado nos carros permite à
empresa localizá-los a qualquer momen-
to. “De 120 casos de roubo, nós recupe-
ramos 100”, diz Ricardo Vilela, diretor de
tecnologia da empresa. O mesmo dispo-
sitivo permite bloquear o carro a distân-

cia. Ou seja, se o boleto da semana não
for pago, o carro não anda.
A confiança no crescimento do merca-
do dos aplicativos de transporte é tanta
que a PPCar já se internacionalizou. A
operação em Portugal começou em janei-
ro de 2018, e a do México, em junho. No
Brasil, a empresa atua em quatro cidades
(São Paulo, Rio, Santos e Porto Alegre). A
ideia é expandir para mais seis cidades
no país e outras seis na América Latina.
Os motoristas também participam do
crescimento, pela estratégia do marke-
ting multinível: quem indicar um novo
motorista ganha 4% de comissão sobre
oaluguel do indicado, 3% sobre os paga-
mentos do indicado, numa escadinha
que vai até o quarto nível. “A gente está
distribuindo o sucesso também entre os
motoristas”, diz Ribeiro. A única sombra
nessa expansão toda é a expectativa de
um futuro não muito distante em que os
carros trafeguem sem motoristas. Ribei-
ro não parece muito preocupado. Diz
que já está formulando um plano para a
próxima pivotagem.

Usuária de aplicativo de
transporte: o sucesso
desse serviço criou um
mercado para a PPCar
DIEGO PADGURSCHI/FOLHAPRESS

Fonte: empresa
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