6 de março de 2019 | 81
Sorvete de
carvão com
creme de limão,
do Origem:
reinvenção de
sabores locais
Carnaval de rua (no ano passado, 15 mi-
lhões de foliões aglomeraram-se em
Salvador, ante 9 milhões em São Paulo
e 6 milhões no Rio de Janeiro).
A novidade mais recente rouba a cena
na Praça Castro Alves, perto da saída
superior do Elevador Lacerda. Trata-se
da antiga sede do jornal A Tarde, um
edifício de 11 andares e estilo art déco
que foi inaugurado em 1930 e, na última
década, restaurado sob a supervisão do
arquiteto paulistano Isay Weinfeld. A
fachada, revestida de argamassa mistu-
rada a pó de pedra, ganhou toldos ver-
melhos que poupam do sol as janelas,
antirruído, de madeira. Iluminado por
lâmpadas bem amarelas, o letreiro in-
forma que o novo inquilino é o Fasano.
Quem entra no lobby do sétimo hotel
do grupo — o próximo será em Tranco-
so, prometido para o segundo semestre
— depara com o mesmo piso de már-
more de Carrara e as paredes adornadas
com granito verde da época do jornal,
que ali se manteve por 45 anos. A porta
à direita dá acesso à recepção, com sofás
azuis e paredes revestidas de madeira,
uma das piscinas mais convidativas do
grupo. As diárias partem de 1 050 reais.
Outro alento para a hotelaria sotero-
politana, que teve 21 baixas nos últimos
quatro anos, o Fera Palace Hotel abriu
as portas em 2017. Fica na mesma rua
do Fasano e ocupa o edifício de 1934
que abrigou o Palace Hotel, tido como
o primeiro do gênero no estado a me-
recer a alcunha de luxuoso. Com arqui-
tetura triangular similar à do icônico
Flatiron Building, de Nova York, foi
revitalizado por iniciativa do empreen-
dedor mineiro Antonio Mazzafera.
Coube ao arquiteto dinamarquês Adam
Inaugurado em dezembro, o hotel es-
tava em obras desde 2014. A demora se
deve ao tombamento da fachada e de
alguns ambientes pelo Instituto do Pa-
trimônio Artístico e Cultural da Bahia.
“Vigas e pilares precisaram ser reforça-
dos, o que tornou o trabalho ainda mais
minucioso”, lembra Constantino Bitten-
court, sócio-diretor do Fasano. Com a
mesmerizante Baía de Todos-os-Santos
como pano de fundo, a cobertura abriga
Kurdahl, do escritório Spol Architects,
a intrincada reforma do edifício, que
incluiu a recuperação da fachada origi-
nal, da escada principal, de mármore,
e de mais de 280 adornos art déco. Tam-
bém localizada na cobertura, a piscina
ombreia com a do Fasano. As diárias
são bem parecidas.
Ainda no Pelourinho, a Casa do Car-
naval da Bahia virou escala imperiosa
mesmo para quem não se imagina den-
e a da esquerda revela uma filial do res-
taurante que dá nome ao grupo e é en-
cabeçado pelo restaurateur Rogério
Fasano. Parece ser o ambiente no qual
Isay mais se esmerou. As paredes foram
cobertas com fibra de bananeira e en-
feitadas com obras de arte garimpadas
em ateliês locais. Recipientes de latão
originalmente usados na produção de
açúcar foram transformados nos majes-
tosos lustres do bar. Predominantemen-
te italiano, o cardápio abre espaço para
alguns pratos regionais assinados pela
chef Tereza Paim, uma das maiores au-
toridades em comida baiana.
DIVULGAÇÃO
TOMAS RANGEL