Exame - Edição 1180 (2019-03-06)

(Antfer) #1

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A EXPECTATIVA DE DIRIGIR O E-TRON NÃO
ERA BAIXA. Claro que o contexto em que
isso se daria ajudava. Camelos, deserto,
dunas, tempestade de areia, miragens,
odaliscas, quem sabe... Baixei a bola,
porque já estava me sentindo um gené-
rico de Indiana Jones. Pois bem. Cruza-
mos os céus e fomos até Dubai, nos
Emirados Árabes Unidos. Deixamos os
espigões espelhados para trás e segui-
mos de estrada por mais 1 hora e meia
até chegar a Abu Dhabi, capital do país,
onde se daria nossa experiência. É lá, em
meio a doses colossais de aridez, berço
das primeiras civilizações de que se tem
notícia, onde está sendo erguida Mas-
dar, uma cidade que pretende ser refe-
rência de gestão sustentável entre os
países do Oriente Médio.


Rodamos com o e-tron, carro
elétrico da Audi, entre as dunas
de areia onde surgiram as

primeiras civilizações
CHICO BARBOSA, DE ABU DHABI

ENTRE O


PASSADO E


O FUTURO


MOTOR


DIVULGAÇÃO

Mas, com todo o respeito às questões
de preservação do meio ambiente, o
que despertava minha curiosidade era
menos nobre, mais mundano. Eu que-
ria era colocar à prova o desempenho
do primeiro carro elétrico da Audi, sa-
ber se o modelo, além de ecologicamen-
te engajado, seria divertido como o
velho, bom e, reconheçamos, condena-
do motor a combustão e se honraria a
tradição de esportividade que acompa-
nha a história da marca alemã.
O primeiro contato com o e-tron se
deu na própria Masdar, e é preciso dizer
que o carro levou vantagem. A cidade,
afinal, está em processo de desenvolvi-
mento e, neste momento pelo menos,
atrai mais pelo conceito que embute do
que por questões estéticas. E o elétrico

da Audi já estava pronto e acabado, todo
pimpão, como se tivesse com o dedo in-
dicador em flexão, chamando o condu-
tor para conhecer seus dotes.
Se fôssemos considerar apenas a apa-
rência, o e-tron já diz a que veio. É belo,
um estilo semelhante ao da linha de SUV
da Audi, mesclando jovialidade, sobrie-
dade e contemporaneidade. Nada de
ares futuristas, como se poderia imagi-
nar de um veículo que pretende ser o
abre-alas da inovação, da tecnologia,
bem, do futuro. Mas foi só abrir a porta
para perceber que alguma coisa estava
fora da velha ordem mundial.
Assim que ajeitei o banco e comecei
a me familiarizar com os comandos,
senti que estava em um ambiente dife-
rente. Cadê o espelho retrovisor? Foi só

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