Você S A - Edição 217 - (Agosto 2016)

(BrasilTuga) #1

FOTO: LINCOLN IFF VOCÊ S/A | AGOSTO 2016 |^51


“EXISTEM DADOS
QUE MOSTRAM QUE A

VERBA DEDICADA AO
DESENVOLVIMENTO DOS

EMPREGADOS É MAIOR
NAS PÚBLICAS DO QUE NAS

EMPRESAS PRIVADAS”
Joel Dutra, professor da Faculdade
de Economia e Administração da USP

PRESTAR OU NÃO PRESTAR?



  • AVALIE-SE: defina seu perfil e quais são os seus objetivos. Imagine o que
    o fará feliz: estabilidade ou crescimento rápido? Dinheiro ou segurança?

  • PESQUISE: sabendo o que você quer, é hora de pesquisar quais órgãos
    públicos se encaixam nos seus interesses. Conversar com quem já está no
    setor é uma boa maneira de descobrir detalhes sobre o ambiente de traba-
    lho e sobre os desafios envolvidos.

  • ESTUDE: verifique as datas dos editais e elabore um plano de estudos.
    Cursinhos preparatórios podem ajudar, mas a internet está recheada de
    grupos de discussão sobre concursos públicos e simulados de provas.


TRÊS PASSOS PARA AJUDAR VOCÊ A DECIDIR E
A INGRESSAR NA CARREIRA PÚBLICA

tecem por todo o país e há vagas para
instituições como Dataprev e Minis-
tério Público do Rio Grande do Sul.
“Esses concursos são tão disputa-
dos que muitas vezes o jovem enfrenta
um dilema: a prova se mostra muito
mais complexa do que o trabalho que
ele exercerá”, diz Joel Dutra, professor
da Faculdade de Economia e Admi-
nistração da USP e especialista no
setor público. Mas há instituições
em que há, sim, desafi os. Uma delas
é o Banco do Brasil, em que Tharley
Salvador trabalha. Ele passou no con-

curso do BB aos 18 anos e começou
como escriturário na pequena cidade
de Alexânia, em Goiás. Três anos de-
pois, teve duas promoções e, hoje, é
gerente de relacionamento em uma
agência de Brasília. “Entrei sem saber
se faria carreira no banco. Agora te-
nho certeza de que quero fi car aqui”,
afi rma. Para ele, o fato de o banco va-
lorizar a meritocracia contou muito a
favor. “Se você fi zer um bom trabalho,
terá chances de crescimento. Estou
cursando direito com a ajuda do ban-
co. Tenho bolsa de 70% e espero fazer
parte da diretoria jurídica no futuro.”
O investimento em desenvolvimen-
to dos empregados, aliás, é forte nas
públicas. “Existem dados compara-
tivos que mostram que a verba des-
tinada a isso é maior no orçamento
das estatais do que no das privadas”,
diz Joel. No Banco do Brasil, a uni-
versidade corporativa tem mais de
590 cursos e os funcionários passam,
em média, 77 horas anuais em treina-
mento. “É através da nossa universi-
dade que geramos maior qualidade
no trabalho”, afi rma José Caetano de
Andrade Minchillo, diretor de ges-
tão de pessoas do Banco do Brasil.

relacionamentos, pois as promoções
ocorrem, na maioria das vezes, por
indicação. “A estrutura é hierarqui-
zada, exigem-se vários relatórios e
quase tudo precisa de assinatura. Não
são todos que se adaptam a tantas
regras”, diz Nelio Bilate, da NB Heart,
consultoria de desenvolvimento hu-
mano, de São Paulo. Para ter certeza
de que o funcionalismo é o seu lu-
gar, uma boa saída é testar a carreira
antes de fazer um concurso. Muitas
estatais admitem jovens aprendi-
zes, estagiários e, até, voluntários.

Aptidão para servir
Um lado interessante da carreira
pública é o da aproximação com os
cidadãos. “No setor público, é possí-
vel fazer diferença para a sociedade”,
diz Nélio. Para exemplifi car, ele conta
a história de uma jovem da qual foi
coach anos atrás. Recém-formada em
arquitetura e urbanismo, ela o procu-
rou com o sonho de melhorar espaços
públicos para que as pessoas pudes-
sem viver com mais qualidade de vida
na cidade. Depois de fazer uma avalia-
ção do cenário, prestou um concurso
da prefeitura de São Paulo e conse-
guiu uma vaga na Secretaria Muni-
cipal do Verde e do Meio Ambiente.
“Esse é um exemplo claro de alguém
que conseguiu casar seu propósito de
vida com a carreira pública”, diz Nélio.
Se o seu objetivo pessoal tiver a ver
com políticas públicas e você não se
importar com uma lentidão maior no
crescimento profi ssional, é preciso
criar um plano de ação para conquis-
tar uma vaga – ou seja, é necessário
estudar bastante. “A preparação leva
de seis meses a seis anos”, diz Nestor
Távora, coordenador da LFG, uma das
maiores redes de cursos preparatórios
para concursos públicos do país. Mes-
mo com anúncio do governo interino
de que não haverá novos concursos
até o ano que vem, eles ainda acon-

VCSA_JOVEM_carreira publica.indd 51 8/2/16 12:00 PM

Free download pdf