Placar

(BrasilTuga) #1

x o país do futebol x


©1 RENATO GIANSANTE ©2 JOSÉ PINTO ©3 JULIANA EICHWALD ©4 GIOVANI JÚNIOR

TÉCNCOS PLATNOS NO RECFE


VETERANOS PINTARAM O SETE DE DOURADOS


COLABORAÇÃO de Renato Giansante

A temporada 2016 foi inesquecível para o Clube Desportivo 7 de
Setembro, também apresentado pelo seu torcedor como Sete de
Dourados, em alusão ao município natal. Em sua décima participação
na elite do futebol sul-mato-grossense, o time conquistou seu primeiro
título estadual, o que lhe rendeu a inédita participação em uma
competição nacional: o Campeonato Brasileiro da Série D.
Fundado em 7 de setembro de 1994, o Sete começou no futebol
pro  ssional apenas em 2005, quando foi campeão invicto da Série B
local. Depois disso, foram nove anos sem nunca ter passado das

quartas de nal e por muitas vezes lutando contra o rebaixamento. Essa
realidade mudou após a parceria feita com a empresa de assessoria
esportiva TNY Sports, sediada em Jaboticabal (SP), e com o sócio
proprietário Tony Montalvão, que fechou, em novembro de 2015,
contrato de dez anos para fazer a gestão do time douradense.
O técnico Chiquinho Lima foi contratado e desde então o novo time foi
formado. A base do Itaporã, campeão da Série B daquele ano, foi
trazida. Nesse primeiro pacote estava o primeiro veterano: Eduardo
Arroz. O jogador de 35 anos teve seu auge com a Ponte Preta, onde foi
vice-campeão paulista de 2008 atuando na lateral direita. Agora,
volante, o jogador conquistou espaço e foi considerado o melhor jogador
do campeonato sul-mato-grossense deste ano.
A conquista inédita no estadual coroou a bela campanha que teve
classi  cação antecipada na primeira fase, como primeiro colocado, e
triunfos sobre os considerados grandes do estado. Na semi  nal, a
vítima foi o Operário. Na decisão, foi a vez do Comercial, ambos da
capital Campo Grande e maiores detentores dos títulos estaduais.
O título sul-mato-grossense classi  cou o Sete para o Campeonato
Brasileiro Série D deste ano e para a Copa do Brasil de 2017 pela
primeira vez. Com a base mantida, novos reforços foram contratados, e
nessa lista mais dois veteranos: Aloísio Chulapa (campeão mundial
com o São Paulo) e Otacílio Neto (atuou ao lado de Ronaldo Fenômeno
no Corinthians). Com um bom futebol, o Sete, na primeira fase, foi
campeão do seu grupo, que contava com Luziânia-DF, Anápolis-GO e
Sinop-MT. Nem mesmo a eliminação na segunda fase para o
Fluminense de Feira de Santana desanimou seus torcedores, que
almejam por novas conquistas.

Otacílio Neto (11) e
Aloísio Chulapa (14)
fizeram a alegria do
Sete de Dourados

COLABORAÇÃO de Lucidio José de Oliveira
O argentino Filpo
Núñez se destacou no
futebol brasileiro e
foi técnico no Recife

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18 PLACAR.COM.BRsetembro 2016


Teve um tempo em que, no futebol de Pernambuco, era bom ter à
frente do time um treinador de origem platina, uruguaio ou ar-
gentino. Foi assim na transição do amadorismo para o futebol
pro ssional. E logo depois, nos primeiros anos de pro ssionalis-
mo, e de modo ainda mais acentuado na década de 50. Em 1952,
chegou a ter três: Dante Bianchi, argentino, no América, e os
uruguaios Felix Magno, no Santa Cruz e Ricardo Diez, no
Sport. Foi quando o Náutico, dono da hegemonia do futebol do
estado − era bicampeão e seria tricampeão invicto − tinha no co-
mando o técnico José Mariano Carneiro Pessoa, recifense do
bairro da Encruzilhada. Palmeira – era esse o seu apelido, compa-
tível com sua personalidade forte, um tipo difícil de dobrar, alto e
espigado como uma palmeira imperial – foi um papa-título. Bi-
campeão em 46-47 com o Santa Cruz, seria tri naquele ano com
o Náutico, e bi com o Sport, em 61-62. Autoritário e de não levar
desaforo para casa, naquele ano teve de suar a camisa para su-
plantar os técnicos da região do Rio da Prata. Antes, bem antes, já
estiveram trabalhando no Recife dois uruguaios, esses bem-suce-
didos, Carlos Viola e Umberto Cabelli. Viola, campeão pelo
Sport em 1928; Cabelli, vencedor com o Náutico em 39. Bianchi e
Ricardo Diez, dois dos três derrotados por Palmeira, chegaram a
ser campeões no estado. Ambos como no Sport. Diez, um pouco
antes em 1941, com um time que tinha no comando do ataque
Ademir, futuro artilheiro da Copa de 50; Bianchi, mais adiante,

nos anos 50, dirigindo um time que revelava outro recém-saído
da base, o goleiro Manga. Depois, no correr dos tempos, o que
não faltou foi gringo nascido às margens do Prata dirigindo time
em Pernambuco: Valentin Navamuel, Alfredo González, Filpo
Nuñez, José Poy, Armando Reganneschi, Raúl Betancor, Ber-
rascochéa, a lista é grande. Dante Bianchi e Ricardo Diez foram
os que mais tempo permaneceram no estado. Dante, o mais per-
nambucano dos platinos; Diez, o que mais soube tirar proveito
da língua estrangeira. Costumava dizer, mesmo depois de tantos
anos, que era bom manter o sotaque enrolado, o portunhol. Im-
pressionava os repórteres e cercava de mistério a sua fala, fazen-
do não só o torcedor mas também seu jogador acreditar mais,
mesmo sem entender bem, no que  estava dizendo.

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