Prédio de muitas e vastas dependências, edificado em centro de terreno arborizado, exigia um
grupo de empregados para conservá-lo e impedir que a vegetação se estendesse pelo quintal. Não
havia fiscalização própria, contínua e adequada, para esta manutenção, e ao ocupante cabia exercê-la
e providenciá-la.
Aconteceu, porém, que o general Vicente de Paula Dale Coutinho, nomeado Chefe do
Departamento de Material Bélico, com sede no Rio de janeiro, não conseguira encontrar casa para
residir e pediu-me que lhe cedesse aquela moradia, em vista de estar desocupada.
Atendi-o com a máxima satisfação, porque, além de apoiá-lo em momento difícil, trazia-me ele
tranqüilidade quanto à conservação do prédio, agora sob sua responsabilidade.
Vários meses residiu ali o general Coutinho, mudando-se, quando julgou conveniente e de seu
interesse.
Ao ser nomeado ministro, em maio, encontrava-se internado, no nosso Hospital Central, o
general Orlando Geisel, ex-ministro, convalescendo de grave operação. Fora seu aluno na Escola de
Estado-Maior e a ele diretamente subordinado, no Comando do 1 Exército. Considerava-me seu
amigo e dispensava-lhe grande admiração.
Visitei-o logo após assumir o cargo ministerial. Caminhava com dificuldade e, a conselho dos
médicos, deveria exercitar-se, visando a acelerar a sua recuperação. Palestramos e, em certo
momento, disse-me que o ministro Coutinho convidara-o para permanecer no palácio Laguna,
enquanto seu apartamento, situado na Zona Sul da cidade, estivesse em obras de restauração e
adaptações. No entanto, acrescentou, se eu precisasse do palácio ele não teria nenhuma dificuldade
em encontrar outra solução.
Tranqüilizei-o sobre este ponto, esclarecendo que nas oportunidades em que viesse ao Rio, não
sairia do meu apartamento no Grajaú, à semelhança do que já fizera, quando Comandante do 1
Exército.
Reiterei, naquela ocasião, o oferecimento do general Coutinho, que foi aceito.
No primeiro despacho presidencial relatei ao presidente, de modo resumido, a visita que fizera
ao general Orlando. Indagou do estado de saúde do irmão e aludiu ao problema de sua moradia.
Concluiu sugerindo:
- Frota! Convide o Orlando para permanecer no palácio Laguna...
- Já convidei presidente. Reiterei o convite do Coutinho.
Foi esta a pronta resposta que lhe dei.
O general Orlando ficou bastante tempo no palácio Laguna e por longo período sozinho, quando