IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

seus despachos para fins históricos, o que achava interessante. Não lhe dei resposta.


INCOMPATIBILIDADES EM SÃO PAULO


Em dezembro, durante um despacho presidencial, o general Geisel, referindo-se à situação em São
Paulo, disse-me que o governador daquele estado não estava mantendo bom entendimento com o
Comandante do II Exército, general Eduardo D'Ávila Mello. Nestas circunstâncias, ele presidente
não ficaria contra Paulo Egídio, seu amigo e governador de um grande estado.


Surpreendi-me com a declaração e, de imediato, lancei-lhe a pergunta:


  • O Senhor quer dizer que vai desprestigiar o general?


Respondeu-me não ser esta sua intenção, mas desejava, por isso, não se agravassem as relações
entre os dois.


Sugeri-lhe então fosse feita uma troca de cargos, passando o general D'Ávila Mello para o
Departamento Geral do Pessoal e o general Ramiro Tavares Gonçalves para aquele Exército,
solução que poderia ser posta em prática em janeiro, quando o general D'Ávila Mello completasse
um ano de Comando. Considerou, o presidente, muito boa a sugestão, no entanto, dias após, por
motivos que não me deu a conhecer, abandonou-a, talvez por inoportuna. Acredito que se tivéssemos
realizado a movimentação destes generais teríamos evitado muitos dos desagradáveis acontecimentos
posteriores, porquanto realmente existia em São Paulo, nos meios oficiais, uma injustificável
prevenção contra o general D'Ávila Mello, cujos nobres atributos, morais, profissionais e
revolucionários, jamais poderiam ser contestados.


Comentou-se naquela ocasião que o SNI vetara a indicação do general Ramiro, por não convir
politicamente a ida para o II Exército, em São Paulo, de um colega de turma do ministro, também seu
amigo pessoal.


O PALÁCIO DA LAGUNA


Dois edifícios amplos - verdadeiras mansões - construídos em estilo arquitetônico do primeiro
quartel do século, situados à margem da avenida Maracanã, na cidade do Rio de janeiro, foram
destinados pelo Exército para residências de oficiais-generais.


O maior deles, denominado palácio Laguna, era a moradia oficial do Ministro do Exército, no
Rio de janeiro. O mais modesto, se assim pode ser citado, foi por muito tempo a residência do
Comandante do 1 Exército. Quando assumi o comando desta grande unidade, recebi-o para ali
residir; não me interessava, entretanto, ocupá-lo, visto que tinha adquirido recentemente, em 1971,
meu apartamento no bairro do Grajaú.

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