do grupo de assessores presidenciais, haja vista a reação do senhor Heitor Aquino Ferreira, já
mencionada quando me referi ao reconhecimento da República da China e a posterior afirmação
ostensiva do senhor Humberto Esmeraldo Barreto - assessor de imprensa da Presidência da
República - à revista Veja, dizendo-se homem de "centro-esquerda".
O comentarista político Carlos Castello Branco não chegou a outra ilação ao escrever, em sua
coluna, no Jornal do Brasil do dia 24 de outubro de 1977:
Vale a pena, a esta altura, aludir à caracterização do governo Geisel como governo de centro-
esquerda, embora isto espante alguns leitores. A carta do general Sylvio Frota confirmou por
contradição a referida caracterização feita originariamente por personalidades oficiais e
gratamente referendada por figuras altamente situadas no sistema dominante.
Assim, sem inicialmente o perceber, passei a circular em ambiente hostil, arrostando reações de
fundo ideológico, as piores que podem ocorrer, visto que, facciosas e intransigentes quando em
posição dominante, tornam-se hipócritas e melífluas se em posição desvantajosa. Nos corredores do
palácio do Planalto, eu era mencionado, à socapa, como o intransigente, termo que foi, aos poucos,
substituído por radical.
A posição de centro-esquerda, quase sempre alicerçada em promessas de medidas de caráter
social, é um ponto de estação na marcha, a curto prazo, para o socialismo e, a longo prazo, para o
comunismo. Ocupam-na aqueles que, tendo pendores marxistas, vêem nas reações conjunturais
obstáculos difíceis de transpor para uma realização completa de seus objetivos; é apenas uma
posição de espera. Defino-os como criptossocialistas. Ali encontramos, também, os inovadores, de
flácida personalidade, vítimas de um narcisismo incurável, os quais despendem tudo para exibir-se,
mas que não atemorizam os democratas, porque mudam de opinião, como as nuvens de direção aos
impulsos de inconstantes ventos. Finalmente, acolhem-se àquela posição os compassivos, voltados
para o sofrimento humano, que seduzidos por ardilosa argumentação, a qual visa a dissociar
socialismo de marxismo, apresentando-o como uma democracia com predominância de medidas
sociais, empolgam-se pelas idéias de esquerda. Quanto a esta pretensa dissociação ser-lhes-ia
elucidativo conhecessem a definição de socialismo constante do Pequeno dicionário filosófico,
publicado em Moscou, pela Editora Política do Estado, em 1959: "SOCIALISMO - Primeira fase,
inferior, da formação econômicosocial comunista, que advém em substituição ao capitalismo."
O socialismo e o comunismo são doutrinas xifópagas - bustos, em aparência diferentes; plantados
no mesmo ventre marxista, de onde tiram a vida. A democracia não se prende ao imobilismo,
porquanto, por definição e essência, é um sistema destinado ao povo, cujos interesses devem ser
olhados prioritariamente; por conseguinte, seria inexplicável não fosse evolutiva, adaptando-se às
teses e medidas que visassem a beneficiá-lo, sem afetar as liberdades e direitos dos quais ela
própria o dotou. Rejeita, por absurdas, as adjetivações precipitadas ou maliciosas que pretendem
justificar quer a incapacidade de exercê-la quer a intenção de não exercê-la. Balburdiam a
compreensão de seu verdadeiro conceito redundâncias e deformações semânticas encontradiças, a