IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

políticos do grupo do líder argelino Ahmed Ben Bella, alugava seus serviços aos que melhor os
pagassem.


Prestou depoimento - uma amostra da sordidez que domina o submundo das informações.

Pode-se afirmar, com possibilidades de erro infinitesimais, que as molas propulsoras da busca
de informações são o dinheiro e o fanatismo ideológico. Nas exceções incluem-se as pessoas de
elevado sentimento patriótico que, espontaneamente, entregam às autoridades militares dados de que
dispõem. Isto aconteceu durante o planejamento do desembarque na Normandia, quando civis
remeteram aos Estados-Maiores Aliados numerosas fotografias da costa francesa, a par de outras
informações preciosas.


Não possuíamos, no setor militar, antes da Revolução de 1964, um sistema de informações que
merecesse este nome. As informações, no país, eram colhidas por intermédio das organizações
militares e, no exterior, de modo geral, através de nossos adidos e embaixadas.


No âmbito interno, os militares, absorvidos pelos deveres profissionais, não dispunham nas
unidades de recursos nem de homens especializados para a busca de informações. Fazia-se o que se
podia, com o pessoal que se tinha. Os informantes, trabalhando mais por vaidade ou interesse
pessoais - relações de amizade, proteção que as ligações com o Exército proporcionavam etc. - não
se empenhavam a fundo nas investigações. A maioria era inábil, cometia erros crassos nas
observações e não raramente se denunciava, prejudicando trabalhos já encetados.


Não existia, por conseguinte, uma rede de informantes organizada e, a rigor, nenhuma rede, na
verdadeira acepção do termo, havia.


As informações relativas à segurança interna eram quase todas, senão todas, transmitidas pela
Polícia Civil aos comandos militares.


Os organismos policiais, no entanto, não dispunham, e lamentavelmente ainda não dispõem, de
uma estrutura capaz de enfrentar as organizações subversivas, orientadas e apoiadas do exterior, e
aqui habilidosamente protegidas, no deturpar das reivindicações democráticas, pelos tribunos de
demagogia.


Predominava a informação do alcagüete ou a confissão do acusado, muitas vezes arrancada de
modo condenável, na elucidação do crime, embora estivesse em evolução uma polícia técnica.


O nosso Estado-Maior do Exército voltava-se, com prioridade, para as informações do exterior,
pendentes mais da curiosidade dos adidos ou de sua tendência cultural do que, na realidade,
resultantes de um planejamento objetivo e exeqüível.


O oficial de segunda seção definia-se, em síntese, como um analista que somente em momentos
fugazes e raros - impostos pela gravidade da situação - atuava nas operações de busca. Esta cabia,

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