IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

hábeis e elegantes agentes de espionagem. Não encontrava, conseqüentemente, justificativa que me
satisfizesse para os dois suicídios - o do tenente e o do jornalista.


Ou as medidas determinadas não eram cumpridas ou havia negligência em sua execução, a ponto
de resultarem inócuas. De qualquer modo ilaqueava-se o general Comandante do Exército, que
julgava estar sendo obedecido, por confiar na lealdade de seus subordinados.


Pela visão que tinha do ambiente das prisões e pela experiência que adquirira, durante dois anos
e meio, no comando do 1 Exército, o suicídio era evitável, impossível mesmo, quando o detido
estava sob atilada e permanente vigilância.


Esta medida capital para impedi-lo mais se impunha em vista da orientação do Movimento
Comunista Internacional, que preparava seus adeptos para defenderem a causa marxista e não suas
pessoas, devendo tomar, sem hesitação, atitudes extremas para preservar-lhe os segredos.


No DOI/CODI do 1 Exército, várias tentativas de suicídio foram frustradas pela severa
vigilância.


Indivíduos desesperados por terem sido presos ou deprimidos pelas confissões que fizeram,
colocando-os sob sensação de culpa, procuravam a auto-eliminação como lenitivo para sua angústia.


Um aspecto negativo do problema de controle das atividades de repressão está na subordinação
direta do DOI ao Chefe do Estado-Maior de seu Exército.


Nos Exércitos, onde os chefes de Estado-Maior estão sempre sobrecarregados de trabalhos
administrativos e operacionais, dar-lhes, também, as responsabilidades de orientar e controlar as
atividades da repressão pode levar a resultados desastrosos.


Por outro lado, sendo as ações subversivas de caráter fundamentalmente político, interessam
diretamente ao Comandante do Exército, que deverá acompanhar sua evolução diária, não só para
conhecê-las como pela necessidade de emitir decisões e ordens adequadas. Em outra linguagem, era
preciso que o Comandante do Exército enfeixasse em suas mãos o controle direto da repressão. O
Chefe do Estado-Maior de um Exército não pode despachar volumoso expediente administrativo,
atender ou ligar-se com os comandos das unidades, chefes de organização militar etc., além de outras
missões eventuais, e fiscalizar com eficiência as atividades de informações e repressão. Delega, por
conseguinte, esta missão ao chefe da 2á Seção - incumbida das informações -, que é, na maioria das
vezes, um tenente-coronel, embora oficialmente seja função de coronel.


Cria-se deste modo uma confusão hierárquica em que todos têm responsabilidades mas ninguém
a assume diretamente. Isto ocorreu, exatamente, no II Exército.


A estrutura desses estados-maiores não tinha sido montada para os encargos de repressão,
sempre atribuídos, conforme na realidade devem ser, à Polícia Civil. O DOI/CODI nasceu de uma

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