IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

e) Na imprensa e demais órgãos de comunicações, os colaboradores anticomunistas estavam sem
apoio, enquanto os da esquerda o recebiam;


f) O meio militar estava temeroso de agir, não só pelas conseqüências como, também, pelo
Sistema de Informações de Golbery que, através de dinheiro e promessas de poder, já conseguira se
bandeassem muitos companheiros. Não havia mais confiança em ninguém e o líder natural - o
ministro - estava corroído em sua força;


g) A indignação provocada pela campanha da imprensa contra a pessoa de um general de
impecável passado era geral.


A simples leitura destas informações mostrava o estado de espírito da oficialidade, em revolta
latente. Recebi pressões, partidas das mais diferentes áreas, para que me demitisse e tomasse a frente
de uma reação contra o governo, que estava traindo a Revolução, insultando o Exército e estimulando
a subversão.


No meu próprio gabinete as vozes e os apelos a favor dessa atitude não foram poucos. O general
Hugo Abreu, às páginas 113 e 114 de seu livro O outro lado do poder, refere-se a um general que me
ofereceu o apoio irrestrito da tropa de seu comando para tal empreitada. Apesar das relações de
amizade que me prendiam ao Chefe da Casa Militar, nunca lhe falei desta solidariedade. Houve, na
realidade, não um general, porém cinco que o fizeram, naqueles angustiosos momentos em que o
governo tomava posição instável. Seus nomes estão guardados pela confiança recíproca e pelo
sentimento de dignidade que devem nortear os entendimentos entre os generais. Não os esquecerei
mas jamais os pronunciarei, em qualquer situação. Outros deram-me a entender, mais tarde, que
tinham idênticas intenções.


Entretanto, eu estava certo. Já que não pudera impedir a imediata exoneração do Comandante do
II Exército, forçada pela desvairada obstinação do presidente, impunham-me o meu passado e a
lealdade militar que lhe desse cobertura.


Reuni, para isso, em 22 de janeiro, o Alto Comando do Exércitos e fiz aos doze generais ali
presentes uma exposição minuciosa dos fatos ocorridos no II Exército, desde o suicídio por
enforcamento, em 8 de agosto de 1975, do segundo-tenente reformado da Polícia Militar de São
Paulo, Ferreira de Almeida, até o do operário metalúrgico Manoel Fiel Filho e a conseqüente
exoneração do Comandante do II Exército. Dei-lhes as explicações que mereciam. Ninguém
discordou do afastamento do general D'Ávila Mello, apenas alguns acharam-no precipitado.'


A este respeito, declarei:


  • Isto, entretanto, de maneira nenhuma justifica a interpretação maliciosa e deturpada que setores
    da subversão, políticos, imprensa e sindicatos querem dar a um ato de serviço.

  • Não concordo, sob qualquer pretexto, que se atinja a dignidade do general D'Ávila Mello

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