Companhia Agropecuária Água Azul, donde o nome Capaz. O coronel Davis conseguira da Sudam
aprovação de um projeto agropecuário, mas dizia-se que a sua atividade principal consistia em
extrair e comercializar madeira, uma das finalidades daquela companhia.
Do empreendimento, ao que parece, muito pouco fez.
A partir de 1966 suas propriedades formaram um latifúndio com a aquisição de mais de duas
dezenas de novas glebas, que não estavam bem demarcadas. Não se satisfez, entretanto, Davis com
este acréscimo de seus domínios e a sua empresa passou a agir, segundo boas fontes de informações,
numa superfície de, aproximadamente, 250 mil hectares, ou seja, 2.500km2 - quase duas vezes a do
antigo estado da Guanabara, que era de 1.356km2.
Parte desta extensa área era ocupada por mais de 200 famílias de posseiros, muitas das quais há
vários anos.
O americano, querendo obrigar os posseiros a abandonarem a região, começou a hostilizá-los,
cerceando-lhes os meios de subsistência. Obstruiu as estradas que conduziam a Vila Rondon, para
impedir vendessem os camponeses os produtos de suas lavouras; proibiu a permanência de estranhos
- os posseiros eram considerados invasores - nas terras de sua fazenda e bloqueou o único lago que
abastecia os lavradores.
Em revide, os posseiros armaram-se e atacaram a fazenda, a 3 de julho de 1976, matando dois
filhos homens do ex-coronel e ferindo-o mortalmente. Tropas estaduais e federais acorreram a
chamado das autoridades e, das escaramuças e tiroteios, resultaram a morte de três camponeses e a
fuga dos demais para as matas circunvizinhas. Encerrou-se, deste modo, em tragédia, a aventura
fundiária do ex-coronel Davis que, depois de combater na Guerra da Coréia, ser missionário
presbiteriano no interior de Goiás, impulsionado pela esperança do enriquecimento, foi morrer na
floresta amazônica.
Não havia decorrido cinco meses desses sangrentos episódios quando outras ocorrências, muito
semelhantes às da fazenda Capaz, vieram agitar a localidade de Perdidos, na região de Conceição do
Araguaia, ao sul do estado do Pará.
Os novos acontecimentos, embora não ultrapassassem em violência os anteriores, foram,
contudo, de conseqüências muito mais sérias pelas implicações que trouxeram as sindicâncias
preliminares e o inquérito abertos para apurar suas causas. Vejamos sinteticamente como ocorreram
esses fatos.
Em 1976, agrimensores do Incra, ao demarcarem terras naquela localidade, protegidos por um
contingente da Polícia Militar do Pará, foram bruscamente atacados por posseiros, que mataram dois
soldados da escolta. Pretendiam os moradores impedir a delimitação das áreas por propriedades.
Este embate inicial evoluiu para um conflito que ameaçava agravar-se pela obstinação dos