Ministros, coadjuvantes que não conheciam o enredo, surpreenderam-se com o desvendar das
cenas posteriores, em flagrante disparidade com o nome da peça. Seu título adequado seria "A
perpetuação no poder".
E, para a democracia, a comédia transformou-se em drama.
É interessante recordar algumas de suas medidas, para evidenciar, mais uma vez, que o único
objetivo das reuniões de 31 de março, na Vila Militar, e de 1° de abril, em Brasília, foi assegurar a
permanência do grupo palaciano no poder.3
Ao encerrar os comentários sobre o Pacote de abril, devo aludir a informações, transmitidas por
elementos que freqüentavam o Congresso, de que o governo recusara sempre entendimentos com a
oposição. Segundo essas fontes, todas as sugestões conciliatórias foram sumariamente rejeitadas.
Procurou o governo forçar a oposição a impedir a aprovação da emenda constitucional,
proporcionando, assim, um ambiente favorável ao fechamento do Congresso.
O general Hugo Abreu, à página 70 de seu livro já citado, confirma as tentativas do relator do
projeto, senador Aciolly Filho, para obter compreensão dos homens do governo, nas articulações
políticas que se processaram. Não foi, portanto, somente a oposição a responsável pela grave
situação que conduziu ao recesso; talvez nela tenha tido maior culpa o governo.
Este fez o que pretendia, ficando de mãos livres para realizar o que julgasse de seu exclusivo
interesse.
Os tartufos do Planalto, em hipocrisia, fariam inveja ao personagem de Molière.